O deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro demitiu-se esta segunda-feira de vice-presidente do partido em resposta ao seu afastamento do cargo de Coordenador do Gabinete de Estudos, por decisão de "vossa excelência" André Ventura, lê-se num post do Facebook.
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A vontade de abandonar o partido remonta a 9 de julho, quando Mithá Ribeiro terá realizado um primeiro pedido formal para abandonar a vice-presidência do Chega. Decisão que se consuma agora, depois de André Ventura ter afastado o deputado e ex-candidato à vice-presidência da AR do gabinete de estudo do partido.
"Na sequência do meu pedido de demissão de Vice-presidente do Partido Chega, a 9 de julho do corrente ano, o mesmo torna-se inevitável face ao comunicado do meu afastamento do cargo de Coordenador do Gabinete de Estudos por decisão de Vossa Excelência [André Ventura], datado de 21 de agosto", lê-se no post da página "Gabriel Mithá Ribeiro Deputado da Nação CHEGA - Leiria".
Na publicação, o deputado de extrema-direita dá ainda a conhecer um despacho assinado por André Ventura, publicado este domingo num possível canal interno do partido - "Portal Chega" -, que informa da substituição de Mithá Ribeiro no cargo de coordenador do Gabinete de estudos pelo Presidente da Direção Nacional, que é o próprio André Ventura. O cargo ficará atribuído ao Presidente da Direção Nacional até à realização do "próximo conselho nacional", lê-se no despacho assinado por Ventura.
Partido está "órfão" de liderança séria
Recorde-se que Mithá Ribeiro, um dos ideólogos do partido e grande responsável pela elaboração do último programa, foi também candidato à vice-presidência da Assembleia da República (AR). O parlamentar não obteve a aprovação maioritária dos seus pares, necessária para ser eleito para o cargo, e alegou que não foi aceite por questões raciais.
Esta não é a primeira vez que um quadro do Chega abandona o partido por entrar em rota de colisão com o seu líder, André Ventura, como apontam alguns críticos e também antigos membros que têm abandonado o partido de costas voltadas ao projeto do Chega.
Uma das últimas baixas de peso foi a de Nuno Afonso, amigo de longa data de Ventura e autarca em Sintra. O rosto da oposição interna do Chega confessou ter ficado desiludido e triste, em entrevista ao NOVO, por não fazer parte das listas de candidaturas a deputado. Nuno Afonso disse na altura que deixou o partido por questões de "política interna".
Em declarações ao JN, Nuno Afonso, defendeu que a demissão de Mithá Ribeiro confirma as suas preocupações, para as quais tem alertado, que "este partido tornou-se unipessoal e órfão de uma liderança séria", atirou o autarca; acrescentando que o que mais preocupa é a "perda da oportunidade de se ter em Portugal um partido de matriz conservadora de direita".
Nuno Afonso, que tem sido apelidado de "líder da oposição interna" pelo próprio André Ventura, afirma ainda que "será muito triste se a sede de poder deitar tudo a perder, espero que não", remata.