O presidente do Automóvel Clube de Portugal analisa em entrevista ao JN os resultados do Barómetro, junta-lhe os efeitos da pandemia e deixa um recado ao presidente da Câmara de Lisboa.
Corpo do artigo
Qual foi a resposta que mais o surpreendeu no Barómetro do Observatório ACP, JN e TSF?
12115569
O facto de 91% das pessoas defender o uso obrigatório de capacetes. Temos feito uma guerra nesse sentido, mas os ciclistas rejeitam. Prova-se que temos razão. Também destaco o facto de quererem mais ciclovias, mas a verdade é que as cidades não estão preparadas. Quando as fazem, ou invadem os passeios, ou a via rodoviária. Outro aspeto que espanta é que mais de metade não anda de bicicleta há mais de seis meses. O que confirma que são sobretudo os turistas que alugam as bicicletas públicas. Não são os habitantes das cidades.
Acredita que esta pandemia vai trazer mudanças ao paradigma dos transportes, com ainda maior supremacia para os automóveis?
Acredito que será assim numa primeira fase. Sobretudo enquanto não houver uma vacina. Só os que não têm alternativa vão usar transportes públicos. E porventura alguns a bicicleta. Mas não é um bom sinal para as cidades e para o ambiente. De qualquer forma, com ou sem pandemia, as cidades já estavam saturadas. Porque os autarcas são os maiores inimigos da mobilidade.
12114130
O presidente da Câmara do Porto decretou quase de imediato que os parcómetros passavam a ser gratuitos. Até quando deve manter-se esta medida de incentivo ao transporte individual?
Depende das questões de sanidade, que são uma incógnita para toda a gente. Ainda que se note que já há mais carros nas ruas, porque as pessoas já estão a abandalhar o estado de emergência. Ainda relativamente aos autarcas, o do Porto dá 40-0 ao de Lisboa. Rui Moreira governa à vista nesta crise, como todos, mas atua imediatamente, ao contrário do autarca de Lisboa.
