Tecnologias digitais marcarão o futuro das deslocações nos meios urbanos, que serão personalizadas, integradas, seguras e sustentáveis. Em Portugal, os responsáveis pelas novas plataformas de veículos partilhados dizem que o caminho passa por integrar estes novos modelos num sistema complementar à rede de transportes tradicionais.
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Cidades em que são as pessoas que escolhem como e quando querem viajar, ao invés de estarem sujeitas à rigidez dos modelos e horários dos transportes públicos tradicionais. Será assim o futuro a breve prazo nos grandes meios urbanos, acreditam os especialistas em mobilidade de todo o Mundo. Na base da transformação está, claro, a tecnologia digital, em que os cidadãos, através do seus smartphones, definem a maneira mais cómoda, eficiente e rápida para se deslocarem de um ponto A para um ponto B. O JN Urbano ouviu algum dos responsáveis pelas novas plataformas de transportes e serviços e estes não têm dúvidas que "todos vão ter de funcionar na base das parcerias e da complementaridade".
A solução terá de passar por integrar a oferta disponibilizada pelas plataformas no sistema geral de transportes existentes
Tal como no futebol, a estratégia para as deslocações na cidade vai ter de passar pelo "jogo de equipa" e não pelas individualidades. E os primeiros sinais estão aí, nas plataformas de veículos com condutor, carros partilhados, trotinetas, scooters, etc... Uma nova gama de serviços, que surgiu em força nos últimos anos, e que rapidamente conquistou adeptos em todo o Mundo.
David Silva, responsável pela Taxify em Portugal, salienta que, para já, "o que se vê são estas empresas a atuarem sozinhas", mas não tem dúvidas que "a solução terá de passar por integrar a oferta disponibilizada pelas plataformas no sistema geral de transportes existentes".
A integração é também o que prevê Luís Pinto, diretor de operações da Lime em Portugal, empresa que, no ano passado, chegou a Lisboa com as suas trotinetas e só nos primeiros dois meses de operação registou cerca de 53 mil utilizadores. "O nosso objetivo é garantir a oferta necessária para quem quer viajar dentro da cidade, complementando a rede dos transportes públicos", observa o responsável.
Taxify no Algarve, Lime em Coimbra
David Silva e Luís Pinto concordam que a tecnologia é fundamental. O primeiro diz que "a Taxify já não é só uma empresa de carros com motorista", e que trabalha diariamente para "encontrar soluções integradas, produtos diferenciados e expandir-se para outras cidades". Já o responsável pela Lime destaca que as parcerias "são fundamentais" e exemplifica com o facto de "já ser possível localizar trotinetas recorrendo ao Google".
Em Portugal, esta política de expansão reflete-se no imediato, com a chegada da Taxify ao Algarve prevista para o verão e das trotinetas da Lime a Coimbra, no próximo mês.
A par da integração de serviços, há ainda o fator da mobilidade sustentável. Cidades com menos emissões e veículos menos poluentes é a meta. Emanuel Proença, administrador da Prio, destaca a aposta da marca low-cost nos combustíveis mais baratos e nos elétricos. "Vemo-nos como produtores de energia virados para a mobilidade. A nossa aposta nos carregadores elétricos é muito forte. Neste momento, estamos em 150 pontos do país, setor em que temos a maior presença na rede privada", destaca.
O responsável da Prio, que é também a grande produtora de biocombustíveis no país, a partir de óleos alimentares, afirma que as cidades do futuro, além das plataformas de transporte integradas e as parcerias, estarão cheias de carros elétricos e híbridos. "Acredito que vai haver até mais híbridos, porque o preço das baterias vai disparar", conclui