Líder da AD com “mercado eleitoral” cinco pontos acima do socialista. Mortágua (BE) em terceiro. Raimundo (CDU) destacado na rejeição.
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Luís Montenegro mantém a vantagem sobre Pedro Nuno Santos no potencial de voto (os que “votariam de certeza” e os que “poderiam votar”). De acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, o líder da Aliança Democrática (que junta o PSD, o CDS e o PPM) pode atrair 52% dos portugueses, mais cinco pontos percentuais do que o líder do PS (47%). A ordem é inversa no que diz respeito à taxa de rejeição (os que “nunca votariam”), mas a vantagem do social-democrata sobre o socialista é a mesma: Santos repete os 47% e Montenegro fica nos 42%. Entre os restantes líderes partidários, o maior potencial de voto é para a bloquista Mariana Mortágua (37%), enquanto o comunista Paulo Raimundo regista a maior taxa de rejeição (71%).
O trabalho de campo desta sondagem decorreu entre 16 e 20 de janeiro, o que significa que não reflete dois momentos que podem marcar a campanha de Luís Montenegro, em sentido positivo ou negativo: a Convenção da AD e a operação da PJ no Funchal, em que várias figuras do PSD, incluindo o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foram envolvidos em suspeitas de corrupção. Acresce que estes resultados não podem ser confundidos com intenções de voto, também porque incluem as escolhas de indecisos e abstencionistas. O que este estudo aponta é, assim, para o mercado eleitoral a que cada candidato pode aspirar nas eleições de 10 de março (potencial de voto) e aquele que, nesta altura, lhe está vedado (taxa de rejeição).
Norte com Montenegro
Quando se comparam os resultados atuais com os de um estudo idêntico realizado em novembro passado (altura em que Pedro Nuno Santos ainda disputava com José Luís Carneiro a liderança dos PS), as alterações foram mínimas, em particular para os dois principais favoritos. Luís Montenegro ainda é o líder que os portugueses mais valorizam, como se percebe pelo potencial de voto: 25% “votariam de certeza” e há mais 27% que “poderiam votar”, o que significa que tem capacidade para seduzir uma razoável maioria de portugueses. O problema, como sempre, será a materialização dessa simpatia em votos.
Ao analisar os diferentes segmentos em que se divide a amostra, é possível perceber que os eleitores mais recetivos ao líder da AD são os que vivem nas regiões Centro, Norte e na Área Metropolitana do Porto, em que tem um potencial de voto cerca de dez pontos superior a Lisboa e ao Sul. No que diz respeito às faixas etárias, a atratividade é maior quanto mais jovens os inquiridos (chega aos 57% nos 18/34 anos). Quando o ângulo incide na forma como os portugueses votaram nas últimas legislativas (janeiro de 2022), e para além de quase fazer o pleno entre quem escolheu o PSD, Montenegro poderia seduzir os liberais (70%) os eleitores do PAN (48%) e, em menor grau, os dos Chega (40%) e os socialistas (39%).
Seniores com Pedro Nuno
Pedro Nuno Santos está cinco pontos abaixo do rival social-democrata no que diz respeito ao potencial de voto (47%). Mas, ainda mais preocupante, é que essa diferença está nos que “votariam de certeza”, que são apenas 20%. No patamar dos que “poderiam votar” (27%), regista-se um empate com Montenegro. Os terrenos mais favoráveis para o socialista estão no Sul, mas também na Área Metropolitana do Porto. E, em espelho com Montenegro, quanto mais velho o potencial eleitor, maior o potencial de voto (chega aos 52% nos que têm 65 ou mais anos).
Se o líder da AD tem maior capacidade de atração no eleitorado dos partidos mais à Direita (e no do PS), Pedro Nuno Santos reúne mais simpatias à Esquerda, em particular nos que, em 2022, votaram no Livre e na CDU (64%) ou no BE (47%). Seguem-se os eleitores do PAN (47%). No que diz respeito aos que votaram nos sociais-democratas, o seu alcance é bastante reduzido (16% de potencial de voto).
Os fiéis de Ventura
Entre os restantes líderes partidários, vale a pena destacar três, por razões diferentes. Mariana Mortágua, desde logo, porque é a que revela um maior potencial de voto (os que “votariam de certeza” somados aos que “poderiam votar”). A coordenadora do BE chega desta vez aos 37% (mais três pontos do que em novembro passado), destacando-se os que vivem na Área Metropolitana do Porto (45%).
André Ventura está alguns pontos abaixo no potencial de voto (34%) e fica também atrás de Rui Rocha, da Iniciativa Liberal (35%), mas destaca-se de todos os outros na fidelização: 13% “votariam de certeza”. O líder do Chega tem maior potencial de voto entre os homens (são mais 12 pontos do que entre as mulheres) e nos que têm 18 a 34 anos (37%).
Finalmente, Paulo Raimundo surge em destaque pelas piores razões: é o líder partidário com a maior taxa de rejeição (“nunca votariam”): 71%. Um problema particularmente agudo para o comunista entre os que vivem na região Norte (76%) e os que têm 65 ou mais anos (81%).
CANDIDATOS
35%
O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, tem um potencial de voto de 35%, com destaque para quem vive no Norte (41%), para os homens (mais 11 pontos do que entre as mulheres) e para quem tem maior rendimento (41%).
34%
O deputado do Livre, Rui Tavares, tem capacidade para atrair 34% dos portugueses, com destaque para os que vivem na Área Metropolitana do Porto, os mais jovens e a classe média baixa (em todos os casos, um potencial de voto de 37%).
28%
A líder do PAN, Inês Sousa Real, soma 28% entre os que “votariam de certeza” e os que “poderiam votar”, com destaque para as mulheres (mais nove pontos do que entre os homens), os que vivem no Sul (35%) e os mais jovens (37%).
21%
O secretário-geral do PCP, que lidera a candidatura da CDU, fica-se pelos 21% de potencial de voto, com melhores resultados na classe média baixa (26%), nos que têm 35 a 49 anos (25%) e nos que vivem na região de Lisboa (24%).