O líder do PSD acusou, esta quarta-feira, o primeiro-ministro de se aliar aos extremismos, de esquerda e de direita, para ter poder. E atirou ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, por não ser capaz de "despir a camisola de militante do PS".
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Foram dois os principais alvos do discurso de Luís Montenegro, ao abrir o Conselho Nacional desta quarta-feira: o primeiro-ministro, António Costa, que acusou de se aliar aos extremismos, de esquerda e de direita apenas para ter poder, e o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que considerou não ser capaz de "despir a camisola do PS".
Em causa, o discurso de Santos Silva na sessão solene do 25 de Abril, em que acusou o PSD de procurar eleições antecipadas, desrespeitando a vontade do eleitorado. Um discurso que o líder dos sociais-democratas caracterizou como sendo "monotemático" e carregado de hipocrisia.
"Estava a ouvir e nem queria acreditar. Como é possível que aquelas pessoas que perderam as eleições em 2015, e não foi por poucochinho, foi por muito, e se foram juntar a partidos pró-Rússia, queiram atirar pedras para cima da casa do PSD?", afirmou Luís Montenegro, acusando o presidente do Parlamento de "nunca ter despido a camisola de militante do PS".
Foi precisamente as eleições legislativas de 2015, que deram origem ao Governo da geringonça, apesar de a vitória ter sido do PSD de Pedro Passos Coelho, que serviram de mote de endurecimento do ataque também ao primeiro-ministro, que acusou de "estar sempre de braço dado com os extremismos". "De esquerda ou de direita, como der jeito para sobreviver politicamente e para governar sem ganhar eleições", atirou Montenegro.
"No PSD nunca governamos nem vamos governar com o apoio de extremismos, de esquerda ou de direita. Não vamos governar nem com o socialismo nem com o extremismo", reafirmou o presidente dos sociais-democratas, tentando encerrar, assim, o capítulo de um possível acordo com o Chega: "Somos alternativa ao socialismo e somos o porto de abrigo dos que não são extremistas ou radicais".
De seguida, lançou um repto a António Costa. "Perguntem se é capaz de dizer o mesmo que eu digo, que nunca vou governar com extremismos e que se não ganhar eleições não serei primeiro-ministro", exortou Luís Montenegro, acrescentando: "Querem respeitar a vontade do povo português?". E deixando um aviso ao primeiro-ministro de que, desta vez, a estratégia da legislativas de há um ano, de alegadamente criar nos eleitores o medo da chegada do extremismo ao poder, não vai resultar:
"Francamente, já chega dessa brincadeira, António Costa! Não é por os seus publicitários dizerem isso que vai reeditar o ambiente de há um ano. Os portugueses vão avaliá-lo pelo que fez!".
Momento antes, o líder do PSD tinha acusado ainda o primeiro-ministro de ser um "fantoche do que os assessores de comunicação lhe dizem para fazer". Mais à frente, respondeu à crítica que António Costa fez aos sociais-democratas de não terem sentido institucional com o episódio do desvio de um voo da TAP para agradar o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com o caso do parecer sobre a demissão da ex-CEO da TAP, para garantir: "De facto, não sou nada institucional como você. Garanto a correção, a elevação, a crítica aguerrida mas faço-o com urbanidade, nunca trataríamos assuntos de Estado com a ligeireza e a leviandade com que fazem os membros do Governo que António Costa lidera".
Alguns desses casos foram dados por Luís Montenegro como prova de que "o país está a empobrecer e o Governo está a apodrecer". Para deixar a garantia: "Não queremos ir para o Governo para sobreviver politicamente, por uma qualquer estratégia de interesses que não sejam os públicos".