O líder do PSD insiste na oposição do seu partido à criação de um imposto aos lucros extraordinários das empresas, mesmo que este venha a ser sugerido por Bruxelas. No primeiro dia do roteiro "Sentir Portugal", em Viseu, Luís Montenegro acusou ainda o primeiro-ministro, António Costa, de andar a "brincar" com os portugueses sobre o futuro das pensões.
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Lembrando a posição assumida há mais de um mês, o presidente dos sociais-democratas disse que ao contrário do PS em que esta é uma "questão mais controversa", o PSD não é favorável a "mais nenhum imposto sobre as empresas, mesmo aquelas que têm nesta fase lucros de uma dimensão maior do que é habitual.
"Entendemos em primeiro lugar que esses lucros já têm tributação e em segundo lugar porque temos uma tributação sobre a atividade das empresas que é suficientemente grande", disse. Esta é a "posição de princípio" dos sociais-democratas que terá que ser ainda enquadrada "se houver uma decisão à escala europeia."
"Cada país deve olhar para essa realidade atendendo à sua própria situação. Acho que quando definimos políticas fiscais ao nível da União Europeia (UE) devemos defini-las de uma forma transversal e não só quando interessa a determinados países", defendeu, acrescentando que Portugal não deve "ir sempre a reboque dos grandes interesses na Europa".
"Lembro-me dos tempos em que o PS reclamava que era preciso termos uma voz forte na Europa, que o mesmo é dizer, que não devíamos aceitar sem reação todas as diretrizes que emanavam das instituições europeias. Acho que esta é uma boa oportunidade para o senhor primeiro-ministro poder junto da UE defender a sua posição porque tanto quanto sei a sua posição é igual à minha", afirmou.
Nas palavras de Montenegro, António Costa devia por isso "fazer erguer a sua voz" no seio europeu para fazer valer a sua posição.
Pensões: "Brincar com as palavras"
No roteiro "Sentir Portugal", Luís Montenegro já falou duas vezes do tema das pensões. Esta segunda-feira à tarde acusou António Costa de andar "a brincar com as palavras" e com os portugueses devido ao corte de mil milhões de euros no sistema de pensões. "Isso é inegável, eu diria mesmo que é matemático", afiançou.
O presidente do PSD desafiou ainda o primeiro-ministro a deixar o "estilo de cobardia política" para admitir esse corte.
"Diga: eu estou a retirar mil milhões de euros ao sistema de pensões para as tornar mais sustentáveis no médio e longo prazo, se é essa a intenção dele, que é aquilo que eu depreendo que possa estar por detrás da sua decisão", referiu, salientando que não lhe parece que o chefe de Governo "esteja a fazer isto por maldade às pessoas".