Montenegro crê que Rio não mudou oposição e ataca "crises artificiais" da Esquerda
Luís Montenegro, candidato à presidência do PSD, não acredita que Rui Rio "tenha mudado de estratégia", apesar das promessas do líder de que fará uma oposição "implacável" a António Costa. Sobre a Esquerda, denunciou esta sexta-feira que o "casamento" continua apesar das "crises artificiais" e atacou o programa do Governo.
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A prestação de Rui Rio no debate do programa de Governo, já elogiada pelo candidato Miguel Pinto Luz, não convence Luís Montenegro. O ex-líder parlamentar, que também está na corrida ao PSD, disse ao JN que a ausência no programa de respostas aos principais problemas e o "casamento" que persiste entre esquerdas evidenciam a necessidade de uma alternativa consistente.
"Não creio que Rui Rio tenha mudado de estratégia", declarou Montenegro ao JN. De sua parte, continua a defender uma clara diferenciação face ao PS. Se Rio "vai mudar a estratégia dele, é um problema de coerência" que lhe cabe resolver. Mas "parece manter a coerência nesse aspeto", reforçou.
O ex-líder parlamentar insiste que "não cabe ao PSD estar à espera do PS que não quer fazer reformas", como acusa Rio de sempre ter feito. E, no debate, ficou "muito evidente que o país precisa de uma alternativa política forte, séria e consistente" ao "bloco político que assegura a estabilidade governativa". E "não vale a pena alimentar guerras artificiais" na Esquerda.
Luís Montenegro destaca dois fatores. Primeiro, crê que ficou "muito clara a garantia de apoio parlamentar" ao PS dos parceiros BE, PCP, Verdes, PAN e Livre. E "não há crise na Esquerda nem na geringonça, quando muito há um casamento sui generis porque discutem muito em público e resolvem as questões em privado".
Perante isto, "a alternativa só pode ser protagonizada pelo PSD de forma muito vincada, sem qualquer confusão com o PS", defende. E aponta a segunda razão. Ao criticar a falta de solução para "os principais problemas", enumerou "o caos" na Saúde, acusando o PS de, "fruto da aliança com as esquerdas", ter "passado no debate a ideia de que tudo se resolve no âmbito do Estado", sem apoio dos setores social e privado.
Da mesma forma, Luís Montenegro nota que o discurso do Governo centra-se no aumento do salário mínimo nacional, esquecendo o salário médio, que também deveria subir. Mas a "política salarial está cada vez mais nivelada por baixo", lamentou. E "o que está projetado em termos de crescimento económico é medíocre", sendo que "a tendência pode agravar-se".
Por último, refere como exemplo que se "eclipsou do programa o objetivo de baixar impostos sobre o trabalho, empresas e alguns indiretos". E, sem isso, "a economia tem uma barreira muito grande" no objetivo de "crescimento acentuado, de competitividade e produtividade elevadas".