Ex-governante chamado a dar explicações no Parlamento. Oposição defendeu que a lei dos solos também deveria cair.
Corpo do artigo
Protagonista da primeira demissão do Governo de Luís Montenegro, Hernâni Dias é chamado a dar explicações no Parlamento, com a Oposição a defender que, após a saída do secretário de Estado, também a lei dos solos deveria cair. O primeiro-ministro é alvo de críticas por não ter tido a iniciativa de afastar o governante e por manter o silêncio.
Luís Montenegro aceitou na terça-feira o pedido de demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, que criou duas imobiliárias com potencial para beneficiar com a nova lei dos solos.
Marina Gonçalves, deputada do PS e ex-ministra da Habitação, notou “uma mudança de atitude” de Montenegro. “Achamos estranho que o primeiro-ministro, que é exatamente a mesma pessoa que era líder da Oposição, tenha agora uma posição diferente, quer no silêncio, quer na atitude concreta, porque é certo que aceitou o pedido de demissão, mas é certo também que partiu do secretário de Estado e não de uma avaliação que no passado era tão rápida a fazer”, criticou. A deputada sublinhou ainda que o partido aprovou um requerimento apresentado pelo BE para ouvir no Parlamento o ex-secretário de Estado.
Já André Ventura considerou que deveria ter sido o primeiro-ministro a demitir Hernâni Dias, tendo acrescentado que quer ouvir também na AR a secretaria-geral do Governo.
“Num dos casos, há exigência absoluta de renúncia, no outro há uma tentativa de olhar para o lado, a ver se os outros factos se sobrepõem, cobrem ou escondem a realidade. O primeiro-ministro acabou por ser surpreendido” pela demissão, disse, criticando o facto de “não ter sido ele a tomar a iniciativa”.
Para o deputado comunista Alfredo Maia, a demissão de Hernâni Dias “não resolve o problema de fundo, que é a alteração à chamada lei dos solos”.
Também a bloquista Joana Mortágua exigiu que a lei dos solos “seja muito diferente daquela que foi aprovada por PSD, PS e Chega, porque, na verdade, foram estes três partidos que chumbaram a proposta do BE para a cessação de vigência” do decreto sobre a alteração dos instrumentos de gestão territorial.