O líder do PSD contra-atacou, esta terça-feira, o secretário-geral socialista e primeiro-ministro, acusando-o de ter estado sempre por trás da austeridade e de estar a empobrecer o país para obter contas certas. Luís Montenegro garantiu que o Governo de Pedro Passos Coelho foi forçado a mexer em salários e pensões para cumprir um memorando da Troika, assinado então pelo líder do PS José Sócrates, em concordância com António Costa.
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Numa apresentação, na segunda-feira, da proposta de Orçamento do Estado para 2023, António Costa virou, assim, espingardas para o PSD: "Temos hoje uma Segurança Social mais sólida do que tínhamos em 2015".
A resposta de Montenegro não tardou. "Eu sei que o dr. António Costa e o PS tentam sempre esgrimir argumentação com base numa palavra malvada, que é a palavra austeridade", começou por dizer, ao encerrar as jornadas parlamentares do PSD. Para reconhecer que o Governo PSD/CDS mexeu em rendimentos.
Mas Montenegro ressalvou que foram os "mais elevados". E retaliou, garantindo que aconteceu porque "o Governo socialista deixou o país na bancarrota": "É verdade. Mas não aconteceu por escolha. Aconteceu porque fomos obrigados pela palavra que foi subscrita pelo líder do PS, com a anuência e cumplicidade do seu número dois que se chamava António Costa".
Empobrecimento geral
Num discurso de cerca de meia hora, Montenegro reconheceu que no Orçamento do Estado para 2023 "as contas têm o défice controlado" e a dívida vai descer. Mas atribuiu isso a dois fatores: ao efeito da inflação e à carga fiscal sobre o povo.
"É preciso saber à custa de quê?", questionou o líder do PSD, para responder: "Aquilo que hoje é a coroa de glória do novo PS travestido de furioso adepto das contas públicas saudáveis, traduz-se num empobrecimento generalizado em todos os setores sob a responsabilidade do Estado".
Depois, Montenegro enumerou várias deficiências em serviços públicos, como falta de folhas em tribunais e papel higiénico nas escolas, para voltar a questionar: "Mas toda esta situação o que é se não austeridade?", questionou o líder do PSD, defendendo que os 3,2 mil milhões de euros injetados na TAP "poderiam ser usados em muitas tarefas que estão a falhar ao povo".
E voltou aos tempos de Passos Coelho para concluir: "A herança que este Governo PS recebeu em 2015 foi de contas públicas sãs e desemprego a descer". " António Costa, pela terceira vez na vida política dele, vai receber um testemunho e vai-se atrapalhar, deixar cair e nós vamos ter de o apanhar e reiniciar a corrida", rematou Montenegro.