Luís Montenegro abriu o congresso do PSD, este sábado, em Almada, a acusar o socialista Pedro Nuno Santos de ser o “mais fanático defensor” do radicalismo. E considerou que, a 10 de março, os portugueses vão ter uma na nova oportunidade de recusar o “gonçalvismo”, ou seja, uma nova gerigonça.
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Foi a data e o local do 41º congresso do PSD, 25 de novembro em Almada, que serviu de mote para o ataque de Luís Montenegro ao candidato à liderança do PS, o ex-ministro Pedro Nuno Santos. “Quando propus este congresso para o distrito de Setúbal não escondo que a data e local não me foram indiferentes. Era uma oportunidade para lembrar aos portugueses que a liberdade nunca é um valor garantido em termos absolutos, constrói-se”, começou por referir o líder dos sociais-democratas.
“Os extremismos o radicalismo, a imaturidade - sejam de esquerda sejam de direita -, subvertem a escolha livre e a plenitude dos valores democráticos. Nem de propósito realizamos este congresso quando o país vai ter de novo a oportunidade de dizer não ao gonçalvismo hoje adornado de uma versão moderna que se batizou como geringonça”, atacou Montenegro.
Para o líder do PSD, o rosto mais visível da defesa do radicalismo de esquerda é precisamente Pedro Nuno Santos, o candidato que reúne mais apoios na corrida pela liderança do PS e que foi o grande impulsionador da geringonça que afastou Pedro Passos Coelho da governação.
“O seu mais fanático defensor não se chama camarada Vasco, chama-se camarada Pedro e tem uma Cinderela chamada camarada Mortágua”, prosseguiu Montenegro, acrescentando: “Os tempos agora são outros, os nomes agora são estes, mas os princípios são os mesmos”.
É que, para o líder do PSD, a geringonça representou “nacionalizações, ocupações do aparelho do Estado, baixos salários para todos, subsidiodepêndencia, intolerância política, degradação institucional e um novo desígnio: impostos máximos e serviços públicos mínimos”.
Daí que, Luís Montenegro tenha acusado o PS de António Costa e de Pedro Nuno Santos de terem passado “a linha vermelha” que o seu fundador, Mário Soares, traçou. “Entre a moderação e o radicalismo, essa linha agora está entre o PSD e o PS. Indo do PS para o PSD entramos na moderação. Indo do PSD para o PS entramos no radicalismo. 49 anos depois o PS não derrubou muro nenhum, saltou o muro e prepara-se para deixar isso ainda mais claro”, avisou.
O líder do PSD apelou, assim, ao voto de “muitos socialistas, do socialismo moderado, de génese social-democrata” e que “se estejam a sentir órfãos com esta deriva radical e imatura”.
“Este PSD é uma casa segura para os não socialistas mas também para aqueles que tendo acreditado no PS não se revêm neste novo gonçalvismo transvestido de geringonça”, garantiu Montenegro, pedindo às pessoas para não se deixarem enganar pelo “mais fiel e fervoroso adepto da geringonça, que se apresenta agora com pele de cordeiro, a falar mansinho e com uma doçura de plástico semelhante àquela de quem se intitulou um animal feroz”.
Colando, assim, Pedro Nuno Santos ao antigo primeiro-ministro José Sócrates, o líder do PSD sustentou: “Quando esse mais fiel e fervoroso adepto da geringonça vem agora falar assim é caso para dizer Deus nos livre de ter um radical à frente do Governo para levar Portugal ainda mais para a cauda da Europa”.
Mas mesmo que Pedro Nuno Santos não consiga vencer as diretas socialistas ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, o presidente dos sociais-democratas acredita: “Aconteça o que acontecer nas eleições internas teremos um governante da velha geringonça e cúmplice da governação dos últimos oito anos à frente do PS”.