Nunca um voto teve tanto peso em diretas no PSD. Os dois candidatos à segunda volta sabem disso. Por isso, andam quase à unha à caça de apoios. Luís Montenegro conquistou os líderes das distritais de Setúbal e de Lisboa, além de Matos Rosa, diretor de campanha de Miguel Pinto Luz.
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Mas, de imediato, a candidatura de Rui Rio desvalorizou, garantindo que já recebeu apoio de dois ex-apoiantes de Pinto Luz, como Manuel Rodrigues, Carvalho Rodrigues e Mira Amaral, bem como de quem não votou no sábado passado. Ou seja, o atual líder também está de olhos na abstenção.
A pressão está maior, contudo, do lado de Montenegro que ficou a 2534 votos de Rio. Matematicamente, se conquistasse os 2878 votos de Pinto Luz teria vitória garantida na segunda volta das diretas, no sábado próximo. Por isso, os apoios dos líderes distritais de Setúbal e Lisboa foram recebidos em clima de festa.
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Um novo caminho
"Neste momento, a única opção que vejo em cima da mesa que representa uma mudança e alguém que pode unir o partido é, de facto, Luís Montenegro", justificou o líder do PSD/Setúbal, Bruno Vitorino. Um apelo ao voto partilhado pelo presidente da Distrital de Lisboa. "Luís Montenegro é hoje o único candidato que pode oferecer um novo caminho para o PSD, pela mudança que representa, e pela liderança agregadora que quer exercer", argumentou Ângelo Pereira.
É, assim, em nome da mudança que os apoiantes de Pinto Luz saltam para o lado de Montenegro. "Neste momento, há dois candidatos e continua a votar numa candidatura de mudança e de coesão interna que é a do dr. Luís Montenegro", explicou, no mesmo tom, Matos Rosa, diretor da candidatura do autarca de Cascais.
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Apesar de contestado durante dois anos, Rui Rio ficou a 173 votos de uma maioria absoluta. E se Montenegro tem apelos ao voto vindos do autarca de Cascais, a candidatura do presidente do PSD contrapõe com " dezenas" de promessas de voto de quem esteve com Pinto Luz, como é o caso dos ex-mandatários Manuel Rodrigues (vereador em Mirandela) e o do cientista Carvalho Rodrigues e do ex-ministro Mira Amaral. E anuncia apoios da bancada. "É o candidato mais bem preparado para primeiro-ministro", considera a deputada Ana Miguel dos Santos. Nuno Carvalho, por seu lado, diz apoiar o atual líder "pela sua experiência e capacidade de liderança".
Sem declarações públicas, Rio usou o Twitter para contar uma anedota do Zequinha e da professora e questionar a coerência do adversário. Segundo Rio, os mesmos que antes classificaram o seu resultado contra Costa nas legislativas como "desastroso" são os mesmos que agora relativizam o resultado de Montenegro.
A atenção dos dois rivais está também na abstenção, ou seja, nos 9298 militantes que não votaram no sábado.
Pormenores
49,44% vs. 41,26%
Na primeira volta das diretas, Rui Rio obteve 15 301 votos, correspondentes a 49,44%, enquanto o antigo líder parlamentar Luís Montenegro conseguiu 12 767 (41,26%) e o vice-presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto Luz teve 2878 votos (9,3%). Registaram-se ainda 219 votos em branco e 141 votos nulos.
40,6 mil militantes
Segundo o Conselho de Jurisdição Nacional, votaram 31 306 militantes, num universo de 40 604 inscritos (com quotas sem dia), o que dá uma taxa de participação de 77,1%.
Os candidatos que passaram à inédita segunda volta das diretas do PSD fizeram uma pausa na campanha para redefinir estratégias e angariar apoios. Hoje, Rui Rio e Luís Montenegro apenas têm agendada uma entrevista televisiva, para ser emitida na reta final de umas eleições que só contaram com um debate público entre os candidatos. Segundo as candidaturas, o presidente do PSD e o ex-líder parlamentar apenas regressam ao contacto com militantes, amanhã. Luís Montenegro andará por Lisboa. Rui Rio ainda estava, à hora do fecho desta edição, a acertar a agenda.