Luís Montenegro avisou que não se calará, após a contenda eleitoral com Rui Rio. No discurso mais longo da reunião magna do PSD, ex-líder parlamentar pediu mais debate, paz e liberdade dentro do partido.
Corpo do artigo
Luís Montenegro lamentou a "demasiada crispação e agressividade verbal" no PSD, após as duas voltas das diretas para a liderança do partido. Por isso, defendeu que "o partido precisa de mais debate e respirar mais liberdade".
"Todos devemos exigir de nós próprios o que exigimos de nós. Não podemos exigir uma coisa e fazer outra. Há demasiada crispação e agressividade verbal. Há demasiado fanatismo. Aliás, até excessos cometidos por alguns", apontou, numa intervenção que chegou aos cerca de 17 minutos - apesar de cada delegado só pode falar durante cinco minutos.
"Darei o meu contributo, longe dos cargos partidários e públicos, mas sempre perto para ajudar o PSD. Perto desta grande força que está cá dentro", dizendo que o fará seguindo o "exemplo inspirador" de Francisco Sá Carneiro, na Assembleia Nacional em 1972.
https://d23t0mtz3kds72.cloudfront.net/2020/02/08fev2020_sarag_luismontenegro_congressopsd_20200208183744/hls/video.m3u8
"O que não posso é calar-me, porque não tenho esse direito, sobre que pretexto for", disse Luís Montenegro, este sábado aludindo a uma frase do histórico líder do PSD.
"O PSD precisa de unidade e paz. E precisa mesmo", disse, arrancando vários apupos junto à primeira fila, onde se encontra Rui Rio, depois de lembrar que grande parte da militância social-democrata não participou na disputa interna, que o opôs ao atual líder.
O ex-líder parlamentar lembrou que só 30 mil militantes foram às urnas - quando o universo laranja é composto por "230 mil". E, de forma implícita, deixou a Rio um caderno de encargos de como deve fazer Oposição a Costa.
Após um almoço com apoiantes à margem do congresso, onde a afluência ultrapassou as expectativas, foi um Luís Montenegro com perfil de estadista e muito pouco de opositor interno ao longo da sua intervenção que se dirigiu à reunião magna social-democrata.
Descolar da troika
"Portugal precisa de nós como Oposição e alternativa", apelou aos delegados, a quem, sob um silêncio sepulcral do congresso, disse logo no início falar em nome de delegado da sua secção, apesar de ter disputado uma eleição pela presidência - tendo agradecido aos "mais de 15 mil" votantes na sua candidatura.
Aliás, aludindo às regras que Rio aplicou à participação dos militantes nas diretas, Montenegro disse que o nível de participação esteve muito longe dos "230 mil".
O ex-líder parlamentar deixou ainda claro quais deverão ser as linhas orientadoras da oposição a fazer pelo partido nos próximos dois anos, afastando a imagem colada ao partido enquanto foi líder parlamentar durante o Governo de Passos Coelho.
"Não somos o partido da troika. Somos o partido chamado a resolver os problemas criados pelo PS. E se a geringonça ruir, o PSD não vai ser a tábua de salvação de António Costa", explicou.