O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, garantiu esta quinta-feira à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não existir "nenhuma razão" para preocupação com a estabilidade política do país, garantindo "responsabilidade" face à União Europeia (UE).
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"Não há nenhuma razão para colocar em causa a estabilidade do país, a estabilidade de uma solução de Governo, que, embora não disponha de maioria absoluta na Assembleia da República, dispõe da confiança dos eleitores", salientou Luís Montenegro, que está em Bruxelas para participar na cimeira do Partido Popular Europeu (PPE).
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas após uma reunião de cerca de 15 minutos com Ursula von der Leyen, a líder da instituição e também cabeça de lista do Partido Popular Europeu (PPE) às eleições europeias, o presidente do PSD salientou: "Não há nenhuma razão, nem interna nem externa, para se duvidar da capacidade de um Governo estável, que cumpra com responsabilidade todos os seus compromissos com os eleitores portugueses, aqueles que fizeram uma escolha de mudança no dia 10 de março, e também com as instituições internacionais, à cabeça das quais está a UE".
"Tive ocasião de lhe explicar o contexto em que fui indigitado primeiro-ministro e estou, neste momento, empenhado em apresentar ao senhor Presidente da República uma proposta de composição do Governo", adiantou Luís Montenegro.
Neste curto encontro com Ursula von der Leyen, o primeiro ato oficial após a indigitação do Presidente da República, Luís Montenegro partilhou "alguns dos pontos de vista que [o] preocupam e motivam também em termos de governação para os próximos tempos", segundo indicou aos jornalistas.
O responsável garantiu ainda ter assegurado "toda a participação de Portugal na UE". "Não temos nenhuma dúvida sobre o papel que nos cabe desempenhar no seio da União, da construção de uma Europa mais unida, mais coesa do ponto de vista social, com a capacidade de dar aos cidadãos a maior qualidade de vida, de ter um crescimento económico que garanta também que o Estado social não é posto em causa, com a abordagem de outros temas que são importantes do ponto de vista hoje, do apoio à Ucrânia [face à invasão russa], que também é sempre encarámos sem nenhum tipo de reserva", adiantou.
Questionado sobre as primeiras medidas a adotar ou a composição do seu futuro Executivo, Luís Montenegro escusou-se a precisar.
Costa e Montenegro em Bruxelas
O primeiro-ministro cessante, António Costa, encontrou-se hoje, em Bruxelas, com Luís Montenegro, para o cumprimentar, antes das reuniões dos respetivos grupos políticos a que pertencem.
António Costa e o presidente do PSD encontraram-se num hotel perto da Comissão Europeia, de onde depois se vão dirigir para as reuniões do Partido Socialista Europeu e do Partido Popular Europeu, respetivamente, que habitualmente antecedem as cimeiras de líderes europeus. "Não foi combinado, mas convergiu", disse António Costa sobre o encontro, perante os jornalistas presentes à porta do hotel.
Tanto Costa como Montenegro estavam sorridentes e o socialista convidou o social-democrata para um café, no interior do hotel, tendo as câmaras de televisão ainda se dirigido para o restaurante onde se sentaram à mesma mesa, mas o encontro prosseguiu depois sem a presença da comunicação social.
O primeiro-ministro cessante encontrou-se ao início da manhã com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, no quartel-general da organização político-militar, e Luís Montenegro tinha tido uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.