Luís Montenegro, presidente do PSD, e Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, debatem esta quarta-feira à noite, a três semanas das eleições legislativas antecipadas.
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O secretário-geral do PS disse estar disponível para dialogar e para dar ao Governo eleito "condições de governabilidade", caso o PS não vença as eleições. "É importante que não haja dispersão de votos", acrescentou. Luís Montenegro afirmou que o PSD nunca desistiu do diálogo político e apontou que o Governo da AD não caiu por "falta de estabilidade". "Eu garanto continuar a trabalhar na estabilidade política", referiu o presidente do PSD.
Terminou o debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. O próximo debate acontece no próximo domingo, 4 de maio, com os todos os líderes partidários com assento parlamentar. Obrigada por estar desse lado. Boa noite.
Os dois candidatos adotaram estilos diferentes no minuto final. Luís Montenegro afirmou que não quer maledicência pois está no cargo "para governar, decidir e executar". Enumerou, depois, as decisões tomadas nos últimos 11 meses: "Valorizamos o trabalho, os jovens e as pensões, mas também transformamos os serviços públicos na saúde e na educação".
O adversário, Pedro Nuno Santos, aproveitou para recorrer ao seu programa eleitoral: "Vamos fazer uma defesa séria do grupo de pensões e extinguirei o grupo de trabalho da Segurança Social. Faremos tudo para baixar o custo de vida que as pessoas enfrentam, IVA zero para alimentos e 6% para eletricidade. Os trabalhadores e as nossas mulheres podem contar com o PS. Pode confiar".
Os dois principais programas de construção e apoio à habitação, em particular dos jovens, geraram trocas de argumentos entre os candidatos. Luís Montenegro acusa Pedro Nuno Santos de só ter inscrito verbas no PRR para 16 mil casas. Este defende-se dizendo que a inflação baralhou as contas e que a AD "deixou os jovens à espera mais de meio ano para terem o subsídio do Porta 65 para poderem pagar a renda. Revela não só incompetência, mas alguma falta de sensibilidade para perceber os problemas que os jovens enfrentam".
Na resposta, Montenegro explicou os atrasos: "Sobre o Porta 65 é verdade que estamos com problemas de pagamento porque há mais de 500 candidaturas por mês porque eliminamos critérios como o teto máximo da renda. Mais jovens podem usufruir desta vantagem, nomeadamente nos sítios em que é mais caro. Aumentamos em 70% a verba do Orçamento do Estado para o Porta 65".
Pedro Nuno Santos acusou o adversário de poder beneficiar a Solverde: "Estamos no final de abril e ainda não foi lançado o concurso internacional, o que significa que é cada vez mais difícil haver nova concessão. A prorrogação da concessão vai beneficiar o grupo Solverde e pode prejudicar o Estado português. Não podia nunca ter continuado com a sua empresa depois de continuar como primeiro-ministro. E sim, houve uma decisão por omissão que pode vir a beneficiar o seu cliente".
"Não foi o PS que abriu o inquérito no DIAP", disse Pedro Nuno Santos. "Mas ouça lá, o que é que eu tenho a ver com isso", respondeu Montenegro, mais exaltado, acusando o Governo socialista de António Costa de ter prorrogado duas novas zonas de jogo. Na resposta, Pedro Nuno Santos estabeleceu diferenças: "Não percebe a diferença, é que a Solverde não era cliente de António Costa nem de Pedro Nuno Santos".
Luís Montenegro reconheceu que as medidas do Governo da AD para resolver a crise na habitação em Portugal "não têm efeitos imediatos".
Já Pedro Nuno Santos disse que a habitação é "um problema de difícil resolução". "As políticas da AD produziram resultados contraproducentes", apontou o líder do PS.
O secretário-geral socialista defendeu que a isenção do IMT e do imposto de selo para jovens na compra da primeira casa fez com que o valor das casas aumentasse. "Os jovens estão hoje mais longe de conseguir comprar uma casa", referiu.
Depois de ter prometido que não fará alterações nas fontes de financiamento da Segurança Social nos próximos quatro anos, Luís Montenegro foi acusado de criar um grupo de trabalho liderado por Jorge Bravo, que o defende. Na contrarresposta, o primeiro-ministro reforçou a ideia: "Não temos no nosso programa nenhuma alteração na Segurança Social. Vamos continuar a aumentar as pensões mais baixas e vamos combater a pobreza na capacidade de comprar medicamentos mas também com políticas ativas para combater a solidão".
No tema das pensões, Pedro Nuno Santos afirma que o PS quer extinguir o grupo de trabalho para estudar alterações ao sistema de pensões. O secretário-geral do PS diz que o partido quer criar mais lares e valorizar as carreiras das pessoas que trabalham com idosos.
Luís Montenegro acusou o líder do PS de "falhar muito à seriedade", uma vez que o grupo de trabalho criado pelo Governo da AD resulta de um livro verde elaborado durante o Executivo socialista.
Depois das acusações de Pedro Nuno Santos sobre o caso Spinumviva, Luís Montenegro fala num tom mais duro e refere que o secretário-geral do PS "não tem autoridade moral e vida cívica e empresarial" para o criticar. "Apliquei a mim mesmo o que aplico aos outros", apontou. O presidente do PSD acusou o líder socialista de "aproveitamento político".
O secretário-geral do PS tece um duro ataque à governação da AD na Saúde: "Esta é mesmo a área de maior falhanço do Governo da AD e por responsabilidade direta e pessoal de LM que criou nos portugueses a expectativa de que era fácil e rápido resolver os problemas na Saúde. Temos mais 50 mil utentes sem médico de família".
Para melhorar o SNS, promete apostar nos recursos humanos acelerando a progressão nas carreiras e apostar nas equipas multidisciplinares que "vão permitir aliviar e diminuir onde custa mais, que é nas urgências e nos hospitais". Quando a parcerias público-privadas, afirmou: "Nós não temos nenhum dogma ideológico, mas só se avança para uma PPP com uma fundamentação que não vimos até agora. O Governo quer passar mais 5 PPP. Os nossos hospitais podem ser melhor geridos".
O debate entra no tema da Spinumviva. Pedro Nuno Santos começa por atacar Luís Montenegro por divulgar os nomes das sete empresas que faltavam a poucas horas do debate: "É inaceitável, é gozar com os portugueses, é gozar com quem trabalha o que Luís Montenegro fez umas horas antes deste debate quando tinha esta informação há dois meses e decidiu atirar o país para eleições. É neste momento o principal fator de instabilidade política em Portugal".
O socialista fez, ainda, uma resenha sobre os episódios: "Ficamos a conhecer mais clientes e alguns deles são clientes que fornecem o Estado e que recebem por esse fornecimento milhões de euros. Fez a reestruturação da empresa sem ter currículo para isso no ano de 2022, no ano em que foi eleito presidente do PSD".
Pedro Nuno Santos criticou a ida de Luís Montenegro, na segunda-feira, à Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, depois de não ter visitado qualquer serviço de urgência de pediatria durante os períodos de constrangimentos, nomeadamente na semana da Páscoa. O primeiro-ministro visitou a MAC na sequência do apagão geral que atingiu Portugal na segunda-feira.
No tema da saúde, Luís Montenegro diz que a AD está motivado para valorizar a carreira de médicos, enfermeiros e técnicos de emergência pré-hospitalar. O primeiro-ministro admite que o "SNS tem vários constrangimentos" e tem também "investimentos que ficaram na gaveta" há muito tempo. Sobre as parceiras público-privadas (PPP) na saúde, Montenegro referiu que o PS tem "amarras ideológicas" sobre o tema. "Está comprovado que através das PPP se podem atender melhor as pessoas", sublinhou.
O líder social-democrata não se comprometeu com uma data para que todos em Portugal tenham médico de família.
O candidato do PS começou por cumprimentar todos os que enfrentaram o apagão, da sociedade às autoridades, mas assinalou que "o Governo falhou". Se fosse primeiro-ministro "a primeira coisa que teria feito era convocar o Sistema de Segurança Interna" e o Sistema Nacional de Planeamento Civil e de Emergência.
Para mostrar que "falta vergonha ao programa da AD", Pedro Nuno Santos lembrou que o impacto da descida do IRC é de 0,1% e discorda do desenho da medida: "Queremos baixar o IRC para empresas que dão bom destino aos seus lucros. O que a AD propõe é a redução igual sem critério para todas as empresas independentemente de elas reinvestirem os seus lucros".
Depois, acusou o adversário de desinvestir na Fundação para a Ciência e Tecnologia: "A FCT teve um dos maiores cortes no último OE, 10%. Pela primeira vez temos o menor número de estudantes inscritos no superior. Não se transforma o país com menos investimento no Ensino Superior e na Ciência".
Luís Montenegro acusou Pedro Nuno Santos de não ser "sério" sobre o crescimento da economia. "As medidas do PS não modificam nada a economia", disse o presidente do PSD. Para o primeiro-ministro em gestão, o Governo da AD apostou na redução da receita de IRS e fez uma "reforma do sistema de saúde".
Começou agora o tema da economia e dos programas eleitorais. Pedro Nuno Santos diz que o PS tem um programa "mais prudente e mais cauteloso" do que o da AD, que "é um embuste": "Construímos o nosso programa eleitoral com o espaço orçamental que tínhamos. [A AD] o que faz é colocar taxas de crescimento que nenhuma instituição prevê, para depois aumentar a despesa".
Assim, o programa da AD "é um embuste, é irrealista, é uma proposta absolutamente impossível de concretizar", continuou, acusando Luís Montenegro de ter duas faces: "Uma face para a campanha eleitoral e outra para Bruxelas".
Depois das críticas do líder do PS à gestão do apagão, Luís Montenegro disse que Pedro Nuno Santos "não tem autoridade moral" para criticar o Governo da AD, lembrando o processo de escolha do novo aeroporto quando o secretário-geral do PS era ministro das Infraestruturas. O presidente do PSD afirmou que Portugal "está a ser muito elogiado em Espanha" por causa da forma como lidou com a falha de eletricidade no país.
Para Pedro Nuno Santos a REN "fez um trabalho extraordinário", mas ao Governo "o que se pedia era coordenação e comunicação". Teria, por isso, comunicado "de hora a hora" com os portugueses. Acusou ainda o Governo de ter perdido "a janela de oportunidade" para enviar as SMS enquanto ainda havia comunicações.
O presidente do PSD disse que o Governo respondeu "com força e eficácia" na gestão do apagão que atingiu Portugal na segunda-feira. O país ficou dez horas sem eletricidade. Questionado no início de debate sobre a falha de eletricidade, Luís Montenegro referiu que, ao contrário de Espanha, não houve qualquer morte registada na sequência do apagão. "Fomos confrontados com circunstâncias nunca vividas", sublinhou.
Boa noite, o JN vai acompanhar ao minuto o debate de Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, reagendado para esta quarta-feira à noite. O debate estava inicialmente previsto para segunda-feira à noite, mas devido ao apagão geral que atingiu Portugal e Espanha, o encontro foi cancelado.
Numa semana marcada pela falha de eletricidade em todo o país e pela divulgação de mais clientes da Spinumviva, esta quarta-feira, por parte de Luís Montenegro, os dois recandidatos a primeiro-ministro deverão debater vários temas relevantes para o país, como a saúde, a política de imigração e a segurança.