Na primeira visita oficial do novo Governo, para assinalar o Dia de Portugal, em Estugarda, o primeiro-ministro prometeu um reforço na resposta às necessidades dos emigrantes e pediu aos portugueses na Alemanha que invistam em Portugal. "É para vos garantir que não vos vamos deixar sós", assegurou.
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Recém-empossado, o primeiro-ministro deslocou-se este sábado a Estugarda, na Alemanha, para acenar aos portugueses emigrados com a garantia de mais apoio e ajuda mais célere. Num discurso onde foi assobiado por várias vezes, Luís Montenegro admitiu que "nem tudo funciona bem" e que é "preciso que as respostas sejam mais rápidas". Acompanhado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo novo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa, o chefe do Governo assegurou que está "atento" às dificuldades" e prometeu que vai aumentar a "capacidade" e "intensidade" da relação entre a emigração e a Administração Pública. "O senhor secretário de Estado das Comunidades sabe bem que os próximos anos serão de estreitar ainda mais a ligação entre todos aqueles que vivem no nosso território e todos aqueles que vivem fora do nosso território. Somos todos portugueses, com igual dignidade e com iguais direitos", afiançou.
Após a promessa, o primeiro-ministro avançou para a segunda de três mensagens desenhadas para o discurso. "Todos temos de fazer Portugal. Nós precisamos da vossa ajuda", apelou Montenegro, pedindo aos emigrantes que confiem no país de origem para guardar as poupanças e investir. Até porque, segundo o líder do Governo, "Portugal tem todas as condições para estar otimista", uma vez que é, "na Europa, um país exemplar do ponto de vista económico". "Eu sei que não é fácil ou não é muito normal dizer isto: a Alemanha é um grande país, é a maior economia da Europa, mas neste momento, a economia portuguesa e as finanças públicas portuguesas estão em melhores condições do que a economia alemã e as finanças públicas alemãs", proferiu Montenegro.
Confrontado por algumas vozes críticas, o primeiro-ministro adiantou que "a Alemanha vai superar este momento", mas insistiu na necessidade do investimento dos emigrantes e dos próprios alemães em Portugal. "Por favor, não deixem de acreditar em Portugal. Portugal é hoje um país seguro para investir, é um país seguro para poderem aplicar as vossas poupanças e para poderem rentabilizar o esforço do vosso trabalho", reforçou.
Por fim, Luís Montenegro apelou aos portugueses em Estugarda para nunca perderem a cultura portuguesa, atirando outra promessa. "Também faremos um esforço nos próximos anos para que continue a haver ensino da língua portuguesa no estrangeiro, para que aqueles que venham para cá possam ter também, nos seus descendentes, uma resposta para que eles possam aprender o português e possam passar o português de geração em geração".
"Pagar a dívida" à comunidade portuguesa na Alemanha
Após o discurso do primeiro-ministro, o presidente da República dirigiu-se à comunidade portuguesa em Estugarda para destacar "o trabalho, coragem e sacrifício" dos emigrantes ao longo das últimas décadas e para admitir a falha de Portugal com as comunidades. "Começamos em Estugarda a pagar a dívida em relação à nossa comunidade na Alemanha", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado saudou o trabalho de Leandro Amado, cônsul geral na Alemanha, que está de partida, depois de ter feito "das tripas, coração", Madalena Fischer, a nova embaixadora de Portugal na Alemanha, que chega ao país depois de ter desempenhado a mesma função na Rússia, e Emídio Sousa, um secretário de Estado "novinho em folha" que foi um "grande presidente de câmara", em Santa Maria da Feira. Lembrando que, no domingo, a seleção portuguesa discute a final da Liga das Nações frente à Espanha, em Munique, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou os portugueses e afirmou que, para assistir à final, leva "o maior reforço": Luís Montenegro. "Os dois juntos vamos levar a taça para Portugal. Os portugueses são imbatíveis, são imparáveis. Vocês começaram o vosso campeonato há 60 ou 70 anos, e foram ganhando, jogo após jogo".
Nas eleições legislativas de 18 de maio, a coligação PSD-CDS venceu na Alemanha, com 19,60% dos votos, contra 18,90% do Partido Socialista e 18,80% do Chega.