Montenegro pronto a "endurecer" combate à violência. Segurança ganha espaço na agenda do Governo
Primeiro-ministro, que se reúne esta quinta-feira com representantes da Área Metropolitana de Lisboa (AML), promete mobilizar "o que tiver de ser mobilizado para acabar com isto". Tema da segurança é cada vez mais prioritário na agenda do Governo.
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O primeiro-ministro avisou, esta quinta-feira, que não irá “pactuar” com a violência e que está preparado para “endurecer” medidas. Questionado sobre o que esse endurecimento poderá implicar, Luís Montenegro respondeu apenas: “Implica aquilo que tiver de ser mobilizado para terminar com isto”. Antes, o PS tinha acusado o Governo de “défice” de comunicação e o Chega tinha pressionado o Executivo a ficar “incondicionalmente” do lado da polícia.
“Não vamos pactuar com a violência, não vamos pactuar com o desrespeito pela ordem pública”, garantiu Montenegro. Embora realçando que as autoridades “têm sido muito competentes” a conter a violência, avisou: “Se, eventualmente, tivermos de endurecer essa contenção, teremos de o fazer”.
Foi nesse sentido, prosseguiu o primeiro-ministro, que o Governo pediu uma reunião para hoje com representantes da AML. O objetivo é “aprofundar a melhor maneira de suster estes episódios de violência”, garantindo o “interesse público”.
Rouba "bandeira" ao Chega?
A segurança é um tema que Montenegro tem vindo a valorizar. No domingo, no congresso do PSD, esta foi uma das sete prioridades que elencou, ao anunciar o reforço do policiamento e da videovigilância. Revelou também que serão criadas “equipas multiforças” para combater “sem tréguas” o crime violento, o tráfico de droga e de seres humanos e a imigração ilegal. Anunciou ainda a criação de dois "centros de instalação temporária" - em Lisboa e no Porto - para imigrantes ilegais.
Estas medidas levaram, no domingo, a Esquerda a acusar Montenegro de imitar o Chega. E até André Ventura concordou, queixando-se de que o primeiro-ministro estava a apropriar-se de “bandeiras” do seu partido e lembrando ainda que a AD até já fala em rever a disciplina de Cidadania. Montenegro desdramatizou: “Estamos a defender as bandeiras que interessam à população”.
Polícias "sob escrutínio"
Sobre a morte de Odair Moniz no bairro do Zambujal, o chefe do Governo disse partir do princípio de que a polícia atua dentro da “razoabilidade e legalidade”. Contudo, vincou que os agentes também estão “sob escrutínio”, lembrando que foi aberto um inquérito ao caso.
De manhã, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, falou em “distúrbios inadmissíveis” e garantiu que as autoridades “tudo farão para garantir a ordem”. Belém pediu que se resista à “tentação da violência”.
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, disse que devia haver “mais coordenação e explicação” da parte do Governo, para minimizar o “alarme social”. Ventura pediu “tolerância zero” com os tumultos e disse que o agente que baleou Odair Moniz devia ser “louvado”. O PSD acusou Chega e BE de serem “extremistas” e a IL chamou-lhes mesmo “abutres”.
O BE disse que as balas “atingem mais depressa” os negros, o PCP pediu uma investigação “cabal” da morte de Odair e o Livre acusou Margarida Blasco de “acicatar ânimos”.