Montenegro reúne-se com PS mas avisa que é Governo quem gere negociações com sindicatos
Luís Montenegro elogiou, esta segunda-feira, a "responsabilidade política" de Pedro Nuno ao propor um acordo que se insere nas prioridades anunciadas pela AD. Promete uma reunião na sequência das negociações com os sindicatos. Mas avisa que cabe ao Governo definir "o tempo e o modo de condução" dos processos negociais.
Corpo do artigo
Montenegro respondeu, como prometido, à carta enviada pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, disponibilizando-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública.
"Aproveito o ensejo para lhe transmitir que oportunamente agendaremos uma reunião de trabalho sobre essa temática, o que deverá acontecer na sequência das negociações com as organizações representarivas dos trabalhadores. O tempo e o modo de condução desses processos negociais serão, obviamente, definidos pelo Governo", alertou Montenegro na carta de resposta ao secretário-geral socialista.
"Experiência infrutífera" dos últimos governos
"Como sabe, até pela experiência infrutífera nesse domínio dos útimos governos, tais negociações revestem-se de elevada complexidade", ressalva logo de seguida, na missiva a que o JN teve acesso. Mas, "ainda assim, o Governo está fortemente empenhado em superar todas as dificuldades com a máxima rapidez".
Na parte inicial da carta, Luís Montenegro refere que a missiva de Pedro Nuno Santos "veio confirmar a declaração pública de disponibilidade do PS em apoiar a valorização de carreiras e salários dos trabalhadores da Administração Pública", em especial aqueles que o líder socialista mencionou, como polícias, professores, profissionais da Saúde e oficais de justiça.
Primeiro-ministro saúda responsabilidade e compromisso
"Esse propósito inscreve-se nas prioridades enunciadas na campanha eleitoral e reafirmadas na tomada de posse do Governo a que presido. A disponibilidade do PS para firmar um acordo que salvaguarde as soluções legislativas que executem essas orientações constitui um exercício de responsabilidade política e compromisso que saúdo democraticamente", reagiu o novo chefe do Executivo.
PS quer acordo em 60 dias
Na carta antes enviada por Pedro Nuno Santos a Montenegro, o líder do PS reiterou a sua disponibilidade para "trabalhar em conjunto com o Governo com o objetivo de construir um acordo" e "se necessário em sede de orçamento retificativo". Acordo este que quer alcançar em 60 dias.
"Dirijo-me a si na sequência da disponibilidade por mim já publicamente manifestada, reiterando o interesse do Partido Socialista em trabalhar em conjunto com o Governo com o objetivo de construir um acordo que permita encontrar soluções, se necessário em sede de orçamento retificativo, para um conjunto de matérias sobre as quais existe um amplo consenso político e partidário, manifestado durante a campanha eleitoral para as últimas eleições legislativas", escreveu Pedro Nuno Santos.
"Está em causa a valorização das carreiras e dos salários dos trabalhadores da Administração Pública, em especial dos profissionais de saúde (de todos, não apenas dos médicos), das forças de segurança, dos oficiais de justiça e dos professores. Em relação a estes últimos estamos disponíveis para apoiar a recuperação da totalidade do tempo de serviço dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário, bem como uma revisão da carreira docente que permita reduzir o hiato entre os índices remuneratórios do início e do fim da carreira, de forma a torná-la mais atrativa", escreveu também o líder do PS.
Resolver até julho
Além disso, referiu que "a disponibilidade do Partido Socialista para este acordo pressupõe uma negociação prévia com as
organizações representativas dos trabalhadores". E manifestou-se "certo de que será possível trabalhar no sentido de construir esse acordo num prazo de 60 dias, por forma a resolver a situação destes profissionais da Administração Pública ainda antes do fim do período de funcionamento da Assembleia da República, em julho deste ano".