A agência de notação financeira Moody's subiu esta sexta-feira o rating de Portugal de Baa2+ para A3, mas baixou a perspetiva de positiva para estável, anunciou em comunicado.
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No relatório da ação de rating, a Moody's refere que a subida de dois níveis na notação atribuída à dívida soberana portuguesa reflete os sustentados efeitos positivos, no médio prazo, "de uma série de reformas económicas e orçamentais, o desendividamento do setor privado" e o continuado "fortalecimento" do setor bancário.
A Moody's acentua que as perspetivas de médio prazo para Portugal são sustentadas em investimentos públicos e privados significativos bem como pela implementação de reformas estruturais, assinalando para ambos os casos a associação ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).
Na informação hoje divulgada, a Moody's refere que o crescimento da economia e os orçamentos a apontar para o equilíbrio indicam que "o peso da dívida vai continuar a cair a dos ritmos mais rápidos entre as economias avançadas", embora a partir de níveis elevados.
Com a subida do rating em dois níveis pela Moody's, que acontece numa altura em que o país atravessa uma crise política e num ambiente de abrandamento económico, a dívida pública portuguesa passa a ter três agências a avaliá-la em patamar de A.
Relativamente à perspetiva, que a Moody's coloca em estável, a agência acentua que esta reflete a sua visão de que os riscos para o perfil de crédito de Portugal ao nível da notação A3 são equilibrados.
"As perspetivas mais positivas em termos de robustez económica e orçamental que a Moody's atualmente tem são contrabalançadas pelas recentes evidências de riscos políticos", refere o comunicado.
A agência refere as investigações de corrupção que levaram à demissão do primeiro-ministro, António Costa, e a convocação de eleições antecipadas para 10 de março, considerando que estes desenvolvimentos políticos podem "abrandar" os investimentos e reformas no âmbito do PRR.
Uma outra fonte de riscos decorre da exposição de Portugal a riscos climáticos que poderão vir a ter um maior impacto no crescimento e indicadores orçamentais.
Na última avaliação, em maio, a Moody's manteve o 'rating' de Portugal em 'Baa2', mas subiu a perspetiva de estável para positiva.