Moradores despejados de bairros manifestam-se junto ao Ministério da Habitação
Cerca de 40 residentes que foram alvo de despejos e demolições em quatro bairros sociais manifestam-se esta segunda-feira junto do Ministério da Habitação contra as soluções precárias encontradas para o realojamento.
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Representantes de moradores dos bairros Talude (concelho de Loures), do Segundo Torrão (Almada), do 6 de Maio (Amadora) e Montemor (Loures), e a Associação Habita juntamente com o movimento Stop Despejos ocuparam o hall de entrada do Ministério para exigir uma reunião com a ministra da Habitação, Marina Gonçalves.
Estão ao início da tarde reunidos para debater soluções.
Na rua, enquanto decorre a reunião que não estava agendada, mas que acontece devido à pressão dos manifestantes, vários moradores expõem as suas situações. Ananilze Semedo, grávida de sete meses, foi despejada do bairro do Talude na semana passada.
Despejados sentem-se abandonados
A moradora de 20 anos queixa-se da forma como foi realizado o despejo, com uma semana de antecedência, e critica a forma como "num dia chuvoso, puseram bebés na rua".
"Fiquei na Casa da Cultura em Sacavém com todos os moradores, menos uma vizinha que ficou no bairro demolido, na casa das galinhas com uma filha de sete anos", conta Ananilze.
Atualmente, a moradora está numa pensão em Lisboa até ser encontrada uma solução com outros quatro moradores.
"Vou ter a minha filha sem casa, na pensão, não nos deram casa e pediram-nos para encontrar uma casa, com a renda comparticipada pela Segurança Social, mas as casas estão muito caras", afirma Ananilze.
Adriano Nzinga é outro dos moradores que se queixa da forma como foi despejado. Morava no bairro do Segundo Torrão, em Almada, onde várias casas precárias foram demolidas por perigo de derrocada.
"Fui colocado numa pensão e agora encontraram uma casa no Barreiro, estou longe dos meus filhos, que viviam comigo e agora estão com a mãe, na Trafaria", diz Adriano. O ex-morador do bairro refere que deu provas na Segurança Social em como os seus filhos moravam com ele, mas não houve qualquer solução para os três.