Mordaça da censura caiu há 50 anos, mas ainda há desafios para um jornalismo livre
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Um jornalista tem o privilégio de conhecer vários mundos e o dever de os revelar ao Mundo. E se durante a ditadura a missão era arriscada - uma parte da realidade vivia na sombra, oprimida e manietada pela censura -, hoje o jornalismo atravessa um momento frágil, talvez o mais frágil em 50 anos de democracia. Não há lápis azul ou palavras proibidas, mas há novos desafios que condicionam a liberdade, numa altura em que a informação prolifera à velocidade da luz.
“Antes do 25 de Abril, os jornais eram fundamentais. Mas hoje são mesmo, mesmo importantes porque as pessoas acreditam em tudo que vêem nas redes sociais. Os jornais passam pelo crivo, a notícia tem autoria, o jornalista tem que ouvir todos os ângulos da história para dar o retrato mais fiel possível da realidade”, alerta Fernanda Gomes. Em 1970, a audácia valeu-lhe um lugar no “Jornal de Notícias”, por ter contestado, junto da direção, a prova demasiado longa que não conseguiu terminar. “Não foi um ato de coragem, foi de desespero. Mais tarde, quando eu fui admitida, disseram-me que me selecionaram porque fui a única a protestar”, recorda, entre risos.