Jorge Moreira da Silva recusou fechar a porta a uma possível candidatura à liderança do PSD. Mas o ex-ministro do Ambiente de Passos Coelho admitiu que pode não ser a altura ideal para avançar e que o partido necessitaria, mais do que de uma luta interna, de uma "refundação".
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Enquanto o social-democrata, atual diretor da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), deixa as hostes laranjas em "stand by", Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais, prepara-se para sair da sombra e anunciar a candidatura, como já fez Luís Montenegro. Rui Rio mantém-se em silêncio, à exceção do uso das redes sociais [ler texto ao lado].
Mais de quatro meses depois de ter deixado, num artigo no "Expresso", um guião ao líder do PSD, na sequência dos resultados das europeias, para que mudasse "drasticamente a sua estratégia política até às eleições" de 6 de outubro, Jorge Moreira da Silva lamentou, ontem, o tom de guerrilha interna e disse que só iria às diretas do PSD com um projeto distinto.
Critica desfile de nomes
"Há frenesim a mais no ar e incomoda-me que se assista a um certo feudalismo, em que se vão criando desfiles de apoiantes - dirigentes locais, autarcas - como se alguém fosse dono dos votos e bastasse arranjar meia dúzia de pessoas como apoiantes para ter aclamação", apontou aos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, à margem de um evento sobre cooperação, organizado pelo Instituto Camões e pela OCDE.
"Se for para uma mera mudança de protagonistas e um lifting do partido, acho que não vale a pena", sublinhou, questionando se "está ou não o PSD, os seus militantes - que é o que conta - preparado para uma refundação".
Moreira da Silva disse que o "PSD está a perder relevância desde há algum tempo" e defende a abertura do partido "à sociedade e criar condições para ter um novo projeto político".
E vão dois candidatos
O ex-líder parlamentar do PSD Luís Montenegro é o único que se apresentou à corrida até agora. Quanto a Miguel Pinto Luz, que decidiu candidatar-se, esperava que Rio revelasse o calendário eleitoral interno. As diretas estão apontadas para janeiro.
O JN apurou junto de apoiantes do autarca que, tendo em conta o silêncio do líder do PSD, a estratégia mudará e nas próximas horas é expectável que Pinto Luz saia da sombra e anuncie publicamente a sua intenção de avançar.
Reação
Rio justifica escolha do CN em Bragança
Rui Rio justificou, ontem, no Twitter, a escolha de Bragança para acolher o Conselho Nacional de 2 de novembro por ter sido onde o PSD teve o "melhor resultado". "Seria justo realizar lá o nosso Congresso. Como não há instalações para acolher uma reunião de tal dimensão, o mínimo que podemos fazer é realizar o próximo Conselho Nacional", escreveu.