Porto dá mais uma vitória a independente. PSD recupera de catástrofe de 2017 e Bloco à porta de vereação. Socialistas caem a pique. Facas afiam-se para discutir liderança de Tiago Barbosa Ribeiro na Concelhia.
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Os portuenses elegeram Rui Moreira para um terceiro e último mandato à frente da Câmara Municipal do Porto. À hora do fecho desta edição, não era ainda claro, contudo, se o candidato independente conseguiria renovar a maioria absoluta de mandatos alcançada nas eleições autárquicas de 2017, o que, a acontecer, obrigará Moreira a negociar à Direita (PSD) ou à Esquerda (PS), se quiser fechar a sua passagem pela Autarquia sem grandes sobressaltos.
O resultado de ontem foi particularmente severo para o PS, que, de acordo com as sondagens divulgadas pelas várias estações televisivas, terá perdido cerca de 10 pontos percentuais (pp) relativamente ao resultado obtido há quatro anos. Tiago Barbosa Ribeiro, presidente da Concelhia do Porto do PS, foi o candidato escolhido, depois de um rocambolesco processo em que a primeira opção recaiu sobe Eduardo Pinheiro. O secretário de Estado da Mobilidade recusou o convite, abrindo uma série crise no PS-Porto
VLADIMIRO sorri
A perda significativa de votos dos socialistas teve correspondência inversa no PSD. Sendo certo que o candidato social-democrata, Vladimiro Feliz, partia de uma fasquia muito baixa (nas últimas autárquicas o PSD quase desapareceu do Porto, quando Álvaro Almeida obteve 10% da votação), não é menos verdade que a subida (as sondagens à boca da urna ontem divulgadas apontavam para um crescimento de 8 pp) não envergonha o partido, colocando-o, aliás, numa rota ascendente. Fontes do PSD do Porto ontem contactadas pelo JN resumiam assim o resultado: "Já temos candidato para daqui a quatro anos, sobretudo se conseguirmos ultrapassar o PS", hipótese que não estava descartada à hora do fecho desta edição .
Ao contrário, nas hostes socialistas, o mau resultado deu corpo ao que, nos bastidores, vinha já sendo ensaiado de há umas semanas a esta parte. Ao que o JN apurou, está em marcha a constituição de uma lista que pedirá eleições na Concelhia e, consequentemente, a "cabeça" de Tiago Barbosa Ribeiro. O ponto de partida para o confronto é assim resumido por um dos contestatários: "O PS-Porto bateu no fundo. É preciso refundar a estrutura, e isso não se faz com as mesmas caras".
O PORMENOR
Há, contudo, um pormenor que não é de somenos nesta contabilidade. Se, porventura, o PS tiver perdido Lisboa, há quem antecipe o fim, mais depressa do que era expectável, do consulado de António Costa. Vale o mesmo dizer: será tempo de Pedro Nuno Santos estugar o passo. Sabendo-se que Tiago Barbosa Ribeiro faz parte da ala do atual ministro das Infraestruturas e Habitação, a "luta" pela Concelhia do Porto pode complicar-se para os contendores.
A surpresa da noite, a confiar nos dados conhecidos à hora do fecho desta edição, terá sido o Bloco de Esquerda, com a eleição, pela primeira vez, de um vereador.
Nas juntas de freguesia ficou tudo como dantes: o PSD segurou Paranhos e o PS Campanhã.