A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou este domingo que, quando o Governo e os partidos do PS à direita falam de habitação, ignoram o “elefante no meio da sala” que são as 250 mil casas vazias prontas a habitar.
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“O Governo e os partidos do PS à direita dizem-nos que vão resolver o problema da habitação, ignorando o elefante no meio da sala, que são as 250 mil casas prontas a habitar e vazias”, disse Mariana Mortágua, que falava na sessão de encerramento do Fórum de Ideias e Propostas “Coimbra Mudar Mesmo”, no âmbito da candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara de Coimbra, encabeçada pelo antigo deputado José Manuel Pureza.
Durante a sua intervenção, a líder bloquista recordou um estudo do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), divulgado hoje pelo Jornal de Notícias que dá conta de 250 mil casas que não estão no mercado de venda ou de arrendamento, mas que se encontram em bom estado e prontas a habitar, estando sobretudo localizadas nas zonas de maior pressão imobiliária.
Mariana Mortágua afirmou que “ninguém tem a coragem de olhar para as casas vazias e dizer” como é resolvido o problema, acusando PS e partidos à direita de nem se atreverem a tocar nesse tema e seguirem com uma “fuga para a frente”, com a proposta de construção de mais habitação.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, essa opção de foco em mais construção é tomada por se assegurar “dinheiro às construtoras, dinheiro à especulação”, ganhando quem constrói mais e quem “tem as casas vazias, que continuam a subir de valor”.
“É por isto que ninguém toca nas casas vazias, ninguém fala delas como se elas não existissem. Elas são um fantasma que paira nas nossas cidades. E não pode ser assim. Se nós queremos resolver a crise da habitação, vamos ter que enfrentar o problema das casas vazias em Portugal”, sublinhou.
Para Mariana Mortágua, é importante identificar essas casas vazias, saber de quem são e por que estão vazias – se é uma herança “empatada há décadas”, um proprietário sem dinheiro para fazer obras de reabilitação, imóveis públicos ou propriedade de um fundo de investimento “que comprou casas em pacote”.
“Para cada uma destas situações há uma resposta de política pública”, vincou.
Ao invés, notou, os governos desresponsabilizaram-se dos problemas do setor e entregaram ao mercado as escolhas, afirmando que a crise que hoje se vive na habitação é resultado dessa opção.