A caravana do Bloco de Esquerda não passou despercebida, esta quarta-feira, na Feira Semanal de Famalicão, onde Mortágua acenou com uma licença remunerada de cinco dias para “que seja mais fácil ter filhos em Portugal”. Ainda ouviu queixas de ex-combatentes, do preço elevado dos alimentos e do gás e pedidos de mudança.
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Acompanhada por Bruno Maia, cabeça de lista por Braga, Mariana Mortágua chegou ao portão principal da feira passava pouco das 10 horas. À sua espera já estavam militantes do Bloco de Esquerda e uma banda de música com uma gaita de foles que antecipava o início da arruada. “Deixa-me fugir”, atirava Maria de Lurdes, 70 anos, de passo apressado “para fazer compras”, justificou. “A Mariana está a fazer o seu comício, acho bem”, disse.
À entrada da feira, num local onde estavam ainda comitivas do PS, AD, PCP e Chega, Mortágua começou por lembrar que em Famalicão a população “tem crescido" e recordou que o programa eleitoral do Bloco tem medidas para melhorar a vida das pessoas com filhos. “Cinco dias por ano que seriam remunerados para que "seja mais fácil ter filhos em Portugal e quem trabalha tenha mais tempo livre para estar com os seus filhos, para dar assistência à família", exemplificou.
"Contamos em Braga com o Bruno Maia. É um candidato que deu provas, tem uma luta de anos pelo SNS, conhecedor das medidas para salvar o SNS e nós contamos com toda a sua experiência e garra para estar no parlamento para defender o SNS", disse ainda aos jornalistas.
"Isto não muda. É sempre o PSD e o Partido Socialista”
Depois, Mortágua mostrou-se sempre sem pressa, atenta aos vendedores e às pessoas que passavam e reconheciam a “menina da televisão”. Foi distribuindo beijinhos, abraços e sempre com abertura para ouvir o que os portugueses tinham para dizer. Quem não perdeu a oportunidade de estar mais de perto da coordenadora do Bloco foi Maria de Fátima, 64 anos, vende toalhas, e já decidiu o voto do próximo domingo: “Era bom que ela ganhasse, mas está difícil. Era importante mudar, mas vai ser sempre assim, isto não muda. É sempre o PSD e o Partido Socialista”, explicou.
Já Lino Santos pediu a Mortágua que olhasse mais pelos ex-combatentes. “Já estamos velhos, precisamos que nos ajude”, alerta emocionado. Ao lado, o amigo questiona pelo preço do gás: “antes custava 19,90 euros e agora está em 33 euros. Porquê?”. Mortágua acena com o Iva a 6% para estes produtos. “O gás não tem de pagar uma taxa de luxo porque não é de luxo. E IVA zero para bens essenciais da alimentação. Defendemos também o aumento dos salários e das pensões. Aqui não se lava roupa suja”, argumenta.
“A Mariana já me comprou salpicão numa feira da Póvoa de Varzim”
No corredor dos legumes, das frutas e do fumeiro, João Martins teve oportunidade de rever a líder do Bloco de Esquerda. “Já me comprou salpicão na feira da Estela, na Póvoa de Varzim, nas últimas legislativas”, conta. No mesmo espaço, Maria, de 82 anos, conta, ao JN, o que disse a Mariana Mortágua. “ Ainda não ouvi da boca dela a dizer que queria tirar feriados e ainda bem”, afirma lembrando o “tempo” de Pedro Passos Coelho. “Foi uma altura muita má para o país e o povo quer isso outra vez. Eu não sou do Bloco de Esquerda, mas sou sempre de Esquerda. Já o meu pai dizia: ‘Votai sempre no mais manco que houver. O Partido Socialista não anda por aqui, pois não?”, questiona.
Antes do final da arruada, que durou mais de uma hora, Mortágua ainda ouviu os lamentos de Américo Mendanha, 63 anos, e emigrante na Alemanha durante 50 anos. “Voltei há quatro anos e é injusto chegar à idade da reforma e ainda estar livre de impostos. O emigrante está esquecido, mesmo com as verbas que manda para Portugal é penalizado”, nota. Quanto à presença da bloquista é perentório: “Gostei da presença da Mariana, é da maneira que ela explica as propostas do partido. Ela tem a voz do povo. Fui uma vida inteira do PS, mas aos 63 anos já não vou na conversa deles. A Mariana fala a voz do povo. Vai ter o meu voto”, vinca.