Federação de Nadadores-Salvadores considera que não deviam ser autorizados banhos de mar.
Corpo do artigo
O número de mortes, quase o dobro do registado no ano passado pela mesma altura, e os inúmeros casos de situações de pré-afogamento nesta pré-época balnear, leva o presidente da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, Alexandre Tadeia, a afirmar que "neste momento existe um risco muito elevado de afogamento em Portugal".
Em praias de norte a sul, os últimos dias têm sido marcados por "muitos sustos", que só não acabam em tragédia graças à presença de surfistas e nadadores-salvadores na água ou no areal. Mesmo antes do início da época balnear, que em algumas praias arranca a 6 de junho, muitas pessoas vão a banhos diariamente, numa altura em que ainda não estão montados os dispositivos de salvamento. Desde o início do ano, já foram registadas mais de 44 mortes por afogamento, quando no mesmo período do ano passado houve 28.
Grupo de seis
"Risco" é também a palavra utilizada pelo nadador-salvador Elisandro Moura, de 36 anos, que esta semana entrou em ação para ajudar um grupo de jovens na praia do Tarquínio-Paraíso, na Costa da Caparica. "Eram seis, e três foram mais para dentro. Apanhei uma onda e vi que dois estavam aflitos num agueiro. Consegui tirá-los, mas se não estivesse lá não sei o que ia acontecer", relata. "Já sabemos onde estão os perigos e, mesmo quando não estamos em trabalho, ficamos atentos", explica Elisandro, sublinhando que nos últimos dias "tem acontecido sempre episódios destes". Só nesta semana, diz ter tido conhecimento de mais três situações em que surfistas e nadadores-salvadores retiraram banhistas na Caparica.
Para Alexandre Tadeia, estes episódios devem-se, sobretudo, a dois motivos. Em primeiro, "depois de um confinamento, as pessoas estão com muita sede de praia e de mar". Depois, há uma questão que, segundo o representante dos nadadores-salvadores, não foi bem acautelada. "O Estado estipulou a data de 6 de junho para a abertura da época balnear, mas permitiu banhos antes, quando estas duas questões deviam ser coincidentes". Assim, e tendo em conta que "a segurança aquática dos portugueses é muito baixa", o presidente da federação insiste que é preciso passar a mensagem: "Não vão a banhos em locais sem vigilância". O mesmo conselho deixa Cruz Martins, comandante da Capitania do Douro, lembrando que "a segurança dos banhistas começa nas suas próprias atitudes" e que, nas praias do Norte, a época balnear "só irá abrir, provavelmente, no final de junho".
Salvamento
Nadadores-salvadores de folga resgatam 11 jovens
Cinco nadadores-salvadores de folga ajudaram a resgatar um grupo de 11 jovens, na tarde de ontem, na praia de Cortegaça, Ovar, que estavam em dificuldades em alcançar o areal. Os jovens terão passado por momentos de aflição, não conseguindo vencer a ondulação e corrente marítima que se fazia sentir na altura. Os nadadores-salvadores aperceberam-se e foram em seu socorro, e todos regressaram a salvo. Apesar do susto, nenhum dos envolvidos precisou de ser assistido. Também ontem, em Esmoriz, um homem com cerca de 60 anos, esteve em situação de pré-afogamento, chegando a pedir socorro ao ser arrastado pelas águas. Conseguiu chegar junto ao esporão da praia pelos próprios meios, sendo depois assistido pelos bombeiros de Esmoriz.