Nas últimas quatro semanas de 2020, os óbitos por covid-19 superaram em 15,3% o total de excesso de mortalidade calculado para aquele período. No ano passado, SARS-CoV-2 respondeu por 52% da sobremortalidade
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Em dezembro passado a covid-19 matou mais do que todo o excesso de óbitos calculado para aquele período. De acordo com dados esta manhã libertados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nas últimas quatro semanas do ano (30 de novembro a 27 de dezembro) registaram-se, em Portugal, 2172 óbitos por covid-19. Sendo que no mesmo período registaram-se mais 1884 óbitos do que a média apurada para período homólogo de 2015-2019. Ou seja, no passado mês as mortes por covid-19 superaram em 15,3% a sobremortalidade.
Numa análise entre 2 de março, quando o país registou o primeiro caso de SARS-CoV-2, e 27 de dezembro, as contas do INE apontam para que a covid-19 responda por 52% do excesso óbitos registado naquele período, num total de 12852. Nesse intervalo temporal, refira-se, morreram em Portugal 99356 pessoas. Sendo que, conforme o JN noticiou recentemente, o peso da covid no excesso da mortalidade tem vindo a aumentar de mês para mês, com particular incidência, confirma agora o INE, em dezembro.
Tanto mais que, sublinha o INE na sua análise à mortalidade semanal no ano passado (dados preliminares), "na semana 50 (7 a 13 de dezembro) registou-se o maior número de óbitos de 2020: 2 992". Sendo que, prosseguem, "o acréscimo do número de óbitos, relativamente à média de 2015-2019, registado a partir do final de setembro é, à medida que nos aproximamos do final do ano, cada vez mais explicado pelo aumento dos óbitos por COVID-19". Ultrapassando mesmo dezembro todo o excesso de mortalidade apurado.
Impacto na região Norte
No que às regiões concerne, o Norte concentra a maior fatia de excesso de mortalidade, com 44,4% do total de excesso de óbitos apurado desde 2 de março. De acordo com o INE, há 11 semanas (desde meados de outubro) que a região Norte regista o maior aumento de óbitos. A Área Metropolitana de Lisboa responde por 26,7% da sobremortalidade e o Centro por 18,9%. De referir, ainda, que 56% do acréscimo de mortalidade registou-se fora dos hospitais.
O impacto nos mais velhos sai reforçado nesta análise do gabinete de estatística nacional, com 71,1% dos quase cem mil óbitos a registarem-se em pessoas com mais de 70 anos. Numa leitura mais fina, a população com mais de 85 anos responde mesmo por 59,7% do total. "Comparativamente com a média do período homólogo de 2015-2019, morreram mais 10 886 pessoas com 75 e mais anos, das quais mais 8 038 com 85 e mais anos", lê-se no documento do INE.