Confissões externas ao Catolicismo representavam, em 2001, menos de 3% da população.
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Não é possível, com verdadeiro rigor, fazer o retrato da religiosidade em Portugal. Tal como no que respeita ao Catolicismo, os dados relativos a outras confissões religiosas são antigos e, ainda por cima, muito mais vagos.
Além de a pergunta sobre religião, no Recenseamento Geral da População de 2001, ser facultativa, fornece um retrato pouco rigoroso, atendendo às possibilidades de resposta dadas aos inquiridos. Além das opções "Católica", "Judaica" ou "Muçulmana", as restantes são mais ou menos ambíguas. Existe "Ortodoxa", o que pode significar diferentes igrejas orientais; existe "Protestante", o que implica muitas diferentes igrejas; e há ainda "Outra cristã", opção que é a segunda mais escolhida, mas muito longe do Catolicismo, e representa um caleidoscópio de práticas religiosas, como as igrejas evangélicas, sejam ou não reconhecidas umas pelas outras.
Fiquemos, agora, pelos números, que em dez anos podem sofrer variações significativas, devido aos fenómenos migratórios. E comecemos pelos outros dois grandes credos monoteístas ramificados de Abraão: Judaismo e Islão.
Em 2001, 12 014 residentes em Portugal, com 15 ou mais anos, declararam ser muçulmanos, e esta é, obviamente, uma das confissões que terão representantes no encontro do Papa com, o mundo da cultura. Abdool Vakil, presidente da comunidade islâmica de Lisboa, disse à Agência Lusa que "é sempre um gesto simpático do chefe de Estado da Igreja Católica dar a oportunidade de, mesmo que por breves momentos, receber cumprimentos de portugueses de outras confissões religiosas". Já Ester Mucznik, vice-presidente da comunidade judaica da capital, reconhece a importância do pontífice no mundo ocidental, esperando que o Papa deixe uma "mensagem da importância do diálogo entre as diversas religiões para a paz" (nos Censos 2001, 1773 pessoas disseram ser judias).
Havia por cá, segundo o mesmo estudo do Instituto Nacional de Estatística, 17 443 cristãos ortodoxos, 48 301 protestantes e 122 745 crentes de outras religiões cristãs não especificadas. Entre estes há as igrejas evangélicas, mais ou menos recentes, que em Portugal estão reunidas na Aliança Evangélica Portuguesa, na qual, por exemplo, foi negada a entrada da Igreja Universal do Reino de Deus, cuja máquina proselítica continua a funcionar e cuja pujança se traduz na construção de novos e grandes templos.
Há, ainda, os que declaram não ter religião (342 987, há nove anos), o que não é sinónimo de ateísmo. Mas existe uma Associação Ateísta Portuguesa, que veio agora a terreiro, pela voz do presidente, Carlos Esperança, para dizer que a visita do Papa é "inoportuna", devido aos escândalos de pedofilia e outros abusos que têm vindo a ser conhecidos no seio da Igreja Católica.