Iniciativa da associação ANDAR e MotoMaco arrancou a 30 de março e já ajudou dezenas de pessoas com artrite reumatoide. Doentes não saem de casa.
Corpo do artigo
A Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR) e o grupo motard MotoMaco uniram-se para levar medicamentos das farmácias hospitalares até à casa de quem sofre da doença - pessoas de risco acrescido que devem evitar sair durante a pandemia. Desde que a ação voluntária arrancou, a 30 de março, várias dezenas de pessoas já receberam os medicamentos em casa.
"Havia muitos doentes preocupados e com medo de ir às farmácias dos hospitais", explica o médico António Vilar, que há 25 anos ajudou a fundar a ANDAR, pelo que "procurou-se resolver essa necessidade". Contactaram médicos, hospitais, anunciaram na Internet a disponibilidade e entregaram aos doentes procurações para os voluntários.
Para João Paulo Mateus, um doente de 59 anos dos Olivais, que pediu a ajuda da associação, foi uma "enorme satisfação" abrir a porta e ver o motard Tiago Campos com a sua injeção mensal. "Já tinha dores nas articulações e os pés e mãos a incharem, pois já devia ter tomado o medicamento e o efeito do anterior estava a passar", contou.
Tiago Campos, consultor imobiliário que faz parte do grupo MotoMaco, foi por duas vezes ao hospital de Santa Maria e esperou horas na farmácia para lho poder levar, porque "pediam a receita original" e não a enviada por e-mail. Mas o problema foi "ultrapassado", explicou a unidade de saúde ao JN. O contratempo, o único do género vivido até à data pelo voluntário, não arrefeceu a vontade de ajudar. "Saber que podemos fazer a diferença é muito gratificante. Esta é uma situação em que os doentes não podem sair de casa e precisam da nossa ajuda", conta Tiago Campos. Como ele, há mais uma centena de membros do MotoMaco a fazer o mesmo por todo o país.
Trabalho de excelência
"É um trabalho de excelência" que trouxe alívio a Isabel Pinto, 59 anos, professora. A doente ficou "comovida" pelo gesto quando recebeu em casa a medicação. "Vi uma publicação no Facebook e pedi, apesar de na altura não ser sócia da ANDAR, e ajudaram". A alternativa seria deslocar-se à farmácia hospitalar. Mas, admite, "tinha receio".
"Estes doentes têm várias patologias associadas, não devem andar na rua nem ir a um hospital levantar a medicação", sublinha Arsisete Saraiva, presidente da ANDAR. Desde que a iniciativa arrancou já entregaram dezenas de medicamentos em Lisboa, Porto, Évora e outras regiões do país e os pedidos aumentam.