O anúncio da entrada em vigor das Inspeções Periódicas Obrigatórias para motociclos a partir de janeiro de 2022 volta a revoltar os motociclistas, que vão promover manifestações no próximo sábado, dia 16, em Lisboa, Porto, Faro, Coimbra, Funchal e Porto Santo.
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"Somos contra a imposição de inspeções de forma arbitrária, sem explicação concreta e plausível. Não contra as inspeções em si", frisou Paulo Ribeiro, elemento do Grupo de Ação Motociclista (GAM) em declarações ao JN. O GAM aponta o dedo ao "lobby que em Portugal representa o negócio ligado às inspeções automóveis" e para quem esta avaliação será "uma medida importante para a redução da sinistralidade dos motociclos". Para os motociclistas, esta justificação é "falsa" e tem como objetivo dissimulado o aumento da receita e não o combate à sinistralidade.
Paulo Ribeiro afirma que vários estudos existentes sobre os sinistros rodoviários "mostram claramente que não são as motos como máquinas, com as suas avarias e falhas técnicas, a causar o acidente". "São os fatores humanos e as vias", afirma ao JN, defendendo a aposta noutras medidas, como o investimento na formação de condutores, na sinalização das estradas para uma maior segurança. "Depois de tudo isso podemos falar das inspeções", defende.
O membro do Grupo de Ação Motociclista defende que o Governo deveria ter dialogado com os motociclistas e entidades a eles associadas e não com os centros de IPO. Além desta "falta de consideração", os motociclistas continuam na incerteza. "Não foram dados pormenores de como serão feitas as inspeções. Serão feitas ao quê? E porquê? Para aumentar a segurança?", questiona.
Em 2018, vários milhares de motociclistas uniram-se por todo o país "exatamente pelo mesmo motivo: as inspeções mal pensadas, sem fundamento em segurança que não são assim tão obrigatórias.
Paulo Ribeiro garante que "vários estados da comunidade europeia já fizeram marcha atrás" em relação à diretiva europeia 2014/45/UE, relativa à inspeção técnica periódica dos veículos a motor. Na sua opinião, foi a manifestação de 2018 que fez o Governo recuar na decisão de imposição dessa norma e "foi extremamente importante para desmistificar as mentiras que rodeiam o processo".
"Toda a gente que anda de moto se sente injustiçada", defende, por isso, Paulo Ribeiro estima a presença de dezenas de milhares de manifestantes nas cidades onde irão ter lugar os protestos. No Porto, a marcha começa e termina na Avenida dos Aliados e em Lisboa começa na Expo e acaba no Rossio.