Mudança de faixa da TDT por causa do 5G pode prejudicar os menos informados, diz Altice
A Altice Portugal admitiu esta quarta-feira estar "muito preocupada" com a decisão da ANACOM, anunciada na terça-feira, de mudar de forma imediata em 2019 a frequência usada nas transmissões da Televisão Digital Terrestre (TDT), por poder prejudicar utilizadores menos informados.
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"As pessoas que usam a TDT sabemos que são pessoas que têm um nível etário, e do ponto de vista da utilização de tecnologia, que é limitado. E, nessa perspetiva, ficamos muito preocupados com medidas desta natureza", afirmou esta quarta-feira o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, à margem de uma demonstração em ambiente de rede comercial das futuras redes da quinta geração de telemóveis (5G).
As frequências usadas nas transmissões da TDT vão mudar em 2019, tendo a ANACOM - Autoridade Nacional de Comunicações na terça-feira, em comunicado divulgado, dado a conhecer o roteiro para a libertação da banda de frequências dos 700 Mega-Hertz (MHz), que vai deixar de ser usada pela TDT para poder acomodar o 5G.
A libertação desse espetro deve estar concluída até 30 de junho de 2020, segundo anunciou o regulador das comunicações e, a partir dessa data, as transmissões de TDT deixam de poder ser feitas na atual faixa, entre os 470 e os 694 MHz.
O problema, segundo a Altice, é que esta mudança vai ser imediata, sem haver simultaneidade entre a frequência de transmissão anterior de TDT e a nova transmissão, o que significa que alguns utilizadores podem não ver o serviço enquanto não sintonizarem a caixa.
"Infelizmente, uma vez mais, o alinhamento entre os operadores e o regulador não foi o que gostaríamos e achamos relevante, porque efetivamente também fomos apanhados de surpresa pela comunicação feita pela imprensa" na terça-feira, explicou Alexandre Fonseca.
Quanto ao leilão de venda de espectro para o 5G, o presidente da Altice afirmou que "não se pode, uma vez mais, cair na tentação de ver este leilão como uma ferramenta de financiar reguladores (...) e Estados".
Para Alexandre Fonseca, o 5G tem de ser visto "como um paradigma de desenvolvimento social", não apenas tecnológico, razão porque o leilão deve ser feito de "uma forma mais inclusiva", colocando os operadores "dentro da discussão".