Uma mulher escocesa revelou-se 100% eficaz a distinguir, através do olfato, as pessoas que tinham Parkinson das que não tinham. O caso está agora a ser explorado pela Universidade de Edimburgo.
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Joy Milne, natural de Perth, na Escócia, tem um olfato tão sensível que poderá mudar a história do diagnóstico de Parkinson.
O marido, Les, sofria da doença e Joy Milne alega que, cerca de seis anos antes de lhe ser diagnosticado o problema, ela começou a sentir uma mudança no odor de Les. "O cheiro dele mudou e é difícil de descrever. Não foi de repente, mas sim de maneira subtil", disse à estação britânica BBC.
Milne alega que já sabia que "conseguia cheirar coisas que outras pessoas não conseguiam" e que só se apercebeu que o cheiro estaria relacionado com a doença quando começou a fazer voluntariado na associação Parkinson's UK e contactou com outros doentes. Nessa altura, procurou os cientistas da instituição.
Os cientistas mostraram-se intrigados, já que esta situação poderia mudar a forma como a doença de Parkinson é diagnosticada. "Ainda diagnosticamos a doença da mesma forma que o Dr. James Parkinson fazia em 1817, que é ao observar as pessoas e os seus sintomas", explica Katherine Crawford, diretora da Parkinson's UK.
A Universidade de Edimburgo decidiu testar a escocesa, que se mostrou extremamente eficaz.
"Recrutámos seis pessoas com Parkinson e seis sem a doença. Eles vestiram uma camisola branca durante um dia, que foi posteriormente entregue e guardada. O trabalho dela [de Joy] era dizer-nos quem tinha Parkinson e quem não tinha. Acertou 11 de 12. Ficámos impressionados", conta Tilo Kunath, um dos primeiros cientistas que contactou com Joy Milne.
"Acertou nos seis que tinham Parkinson e adicionou mais um que fazia parte do grupo de controlo e que não tinha a doença. Porém, oito meses depois, ele informou-me que tinha sido diagnosticado com Parkinson. Joy não tinha acertado 11 em 12, mas sim 12 em 12", concluiu.
A pesquisa, que se encontra ainda numa fase inicial, procura distinguir as moléculas daqueles que sofrem da doença dos restantes. Desta forma, Parkinson poderá ser diagnosticado com recurso a exames e não apenas com a análise de mudança de comportamentos.
Um estudo apresentado em março de 2014, concluiu que, em Portugal, 13 mil pessoas sofrem de Parkinson, sendo por isso a segunda doença neurodegenerativa com maior prevalência no país.