Mulheres grávidas com obesidade devem ter triagem pré-natal para anomalias fetais
Um grupo de peritos da Sociedade Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO, na sigla em inglês) defende que as mulheres grávidas com diagnóstico de obesidade "devem ser submetidas a uma vigilância clínica mais apertada" para detetar possíveis complicações.
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Na tomada de posição, divulgada em junho deste ano, os peritos da Sociedade Europeia para o Estudo da Obesidade, em que se incluem duas docentes universitárias portuguesas, alertam para a necessidade de mudar o paradigma no tratamento e no acompanhamento de mulheres com obesidade e em idade reprodutiva. Essas mesmas alterações devem ser tidas em conta durante a pré-conceção, a gravidez e o pós-parto.
"Todas as gestantes com obesidade devem receber triagem pré-natal para anomalias fetais", referem os peritos da EASO, que acrescentam a possibilidade de os testes de diagnóstico terem limitações e de ser necessário realizar ecografias adicionais a mulheres com obesidade. O grupo de especialistas inclui duas professoras universitárias do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, Mariana Monteiro e Diana Rodrigues-Martins.
Outra das recomendações da EASO passa pela disponibilização de aconselhamento médico para o tratamento da obesidade às mulheres grávidas e também de apoio psicológico para uma melhor gestão da doença. A obesidade tem impacto negativo na fertilidade, sendo que uma perda de peso entre os 5 e os 10% durante seis meses poderá resultar em efeitos positivos na possibilidade de gerar um bebé.
Os peritos consideram que o cálculo do índice de massa corporal não deve ser o foco para o diagnóstico de obesidade. "O uso de pelo menos uma medida antropométrica adicional, como a relação cintura-altura, é fortemente recomendado", lê-se na publicação da Sociedade Europeia para o Estudo da Obesidade, publicada a 21 de junho deste ano.
Gestão do peso no pós-parto
Os clínicos alertam que a evidência científica ainda é limitada sobre a segurança e a eficácia dos medicamentos para a obesidade durante a gravidez e a amamentação. A gestão do peso no pós-parto é igualmente necessária, diz a EASO, para "mitigar o risco de consequências adversas para a mãe e para futuras gravidezes".
Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatística (INE) estimava que, em 2022, "mais de metade da população residente em Portugal com 18 ou mais anos tinha excesso de peso (37,3%) ou obesidade (15,9%)". Com esta tomada de posição, a Sociedade Europeia para o Estudo da Obesidade pretende que as recomendações sejam tidas em conta pelas instituições de saúde que acompanham mulheres com obesidade e em idade reprodutiva.