A manhã já vai a meio e na unidade de saúde do Estabelecimento Prisional (EP) do Porto, a vida corre com a azáfama de um qualquer centro de saúde, em que é preciso tratar muitos doentes em várias áreas, como enfermagem, medicina geral e psicologia.
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Há os internados, outros em consulta, alguns à espera da triagem e os que lutam para se livrarem da droga. Numa das maiores cadeias do país - com quase mil reclusos, existe um corpo clínico com uma máquina de trabalho oleada. Como em tantas outras unidades, a prisão de Custóias enfrenta a falta de recursos e atende uma “população envelhecida” e com graves patologias. Médicos, enfermeiros e auxiliares lidam com o “lado negro da vida” e a certeza de que são muito necessários.
É preciso atravessar um longo corredor, ladeado pelos quatro pavilhões das celas, pelo refeitório e demais serviços, para se entrar na unidade de saúde da prisão de Custóias. O trabalho que fazem, diz Rui Morgado, é semelhante ao de um centro de saúde ou de uma unidade de cuidados continuados. “Muitos reclusos nunca tiveram contacto com o sistema de saúde”, explica o médico coordenador do EP do Porto. Há doentes que chegam “muito descompensados”: “com patologia mental”, a não tomar medicação para o VIH e com diabetes e hipertensão. “Não estão enquadrados na sociedade e alguns não têm abrigo”, esclarece o clínico de 64 anos, a trabalhar ali desde 1987.