"Não foi remunerado". Cravinho esclarece colaboração de Capitão Ferreira na Defesa
O antigo ministro da Defesa João Gomes Cravinho esclareceu que o trabalho que o ex-secretário de Estado Marco Capitão Ferreira realizou numa alegada "comissão fantasma" não foi remunerado. Além disso, demarcou-se do contrato entre Capitão Ferreira e a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN).
Corpo do artigo
Num comunicado enviado às redações, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse que "cumpre distinguir duas questões". A primeira refere-se "ao aconselhamento em matéria de restruturação das indústrias de defesa, designadamente o Estudo para o qual contribuiu o Professor Marco Capitão Ferreira com os seus conhecimentos na área da defesa nacional, que não foi remunerado". Já a segunda trata do "contrato de assessoria prestada pelo Professor Marco Capitão Ferreira à Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), que foi remunerado".
Gomes Cravinho esclarece, assim, que o estudo foi elaborado por um grupo de pessoas, incluindo Capitão Ferreira, "não tendo qualquer um dos elementos dessa equipa sido remunerado".
Por outro lado, o governante demarca-se do contrato celebrado entre a DGRDN e Capitão Ferreira, dizendo que foi determinado "em termos estabelecidos exclusivamente pelas duas partes contratantes".
Em causa está uma notícia segundo a qual, entre fevereiro e março de 2019, Marco Capitão Ferreira assessorou a Direção-Geral de Recursos e Defesa Nacional no contrato relativo aos helicópteros EH-101 ao mesmo tempo que trabalhou para o gabinete do então ministro da Defesa, integrado numa alegada "comissão fantasma" que tinha como objetivo realizar um estudo.
Marco Capitão Ferreira demitiu-se de secretário de Estado da Defesa no início de julho, no dia em que foi constituído arguido no âmbito da operação"Tempestade Perfeita", suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio, e alvo de buscas, que também ocorreram nas instalações da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional.
Marco Capitão Ferreira tomou posse como secretário de Estado da Defesa Nacional em março de 2022, desde o início do atual Governo, e antes foi presidente do conselho de administração da idD Portugal Defence, a holding que gere as participações públicas nas empresas da Defesa - cargo que assumiu em 2020 e para o qual foi nomeado por Gomes Cravinho.
Na audição no parlamento, na passada sexta-feira, o antigo ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros assegurou que não indicou Marco Capitão Ferreira para a polémica assessoria prestada à Direção-Geral de Recursos da Defesa, remetendo a responsabilidade para o antigo responsável Alberto Coelho.