O presidente da República considerou esta quinta-feira que no atual contexto "não havia nenhuma solução boa ou muito boa" para a reprivatização da Efacec, referindo não conhecer "em pormenor as condições" da venda ao fundo alemão Mutares.
Corpo do artigo
"Eu diria que não havia nenhuma solução boa ou muito boa, comparado com o valor que tinha tido a Efacec num contexto diferente. Como sabem, pelo meio houve uma aparente resolução do problema por um grupo e depois isso falhou. Quer dizer, houve aqui realmente um acumular de situações complicadas e chega-se à situação a que se chega", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Em resposta a perguntas dos jornalistas, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa evitou qualificar os montantes envolvidos neste negócio.
Segundo o chefe de Estado, "uns dirão" que, "para aquilo que realmente valia, chegou a valer a importância estratégica da Efacec, é pouco", enquanto "outros dirão" que, perante "o risco de não haver nada e de, portanto, haver uma situação que era pôr em causa a reputação do Estado português e a reputação em vários contratos em vários mercados, é uma saída".
O presidente da República foi questionado sobre este negócio no fim de um encontro com startups portuguesas e começou por classificar a Efacec como "um ativo nacional muito importante" e lembrar que promulgou a nacionalização da empresa em 2020, defendendo que era necessário "o Estado intervir para salvar a Efacec" e logo que possível reprivatizá-la.
Depois, salientou a situação económica resultante da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, a que se juntou a guerra entre Israel e o Hamas, e argumentou que neste contexto "Portugal encontrou-se numa posição muito difícil em relação à venda desse tipo de ativo".
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que não conhece "em pormenor as condições" do negócio, mas supõe que são "diferentes daquelas que existiriam se a situação económica internacional fosse outra".
"Perguntam-me: é bom para o ponto a que a situação chegou devido à conjuntura internacional e ao tempo decorrido? Admito que o senhor ministro [da Economia] ache que é bom. Agora, é bom em termos daquilo que nós sonharíamos e desejaríamos para a Efacec num contexto diferente? Eu acho que está aquém daquilo que nós ao longo do tempo sonhámos e pensámos e admitimos que fosse possível para a Efacec", acrescentou.