Plataforma acolheu 756 pessoas desde 2015. Dificuldades com a língua, em arranjar habitação a preços acessíveis e emprego são os maiores problemas.
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Nasceram 24 crianças em Portugal filhas de refugiados, um sinal de integração "animador" para a Plataforma de Apoio ao Refugiado (PAR) que, entre 2015 e 2019, ajudou a acolher 756 pessoas, agrupadas em 162 famílias. Entre as crianças, há uma Helena, uma Teresa e outras com nomes portugueses, sublinharam, com satisfação, responsáveis daquele organismo, ontem, na Universidade de Aveiro, durante a Assembleia que reconduziu André Costa Jorge, diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados, nas funções de coordenador da PAR durante mais um ano.
Das famílias apoiadas durante aquele período por instituições que integram a plataforma, 32 concluíram os programas de apoio (que incluem ajuda financeira durante 18 meses) e 14 abandonaram o país.
Só no ano passado, através da PAR, foram acolhidas três famílias (sete pessoas, três das quais crianças) ao abrigo de programas de recolocação de barcos humanitários, e 15 famílias (71 pessoas, 38 das quais crianças) no âmbito de programas de reinstalação.
E quando acabam apoios?
André Costa Jorge diz que é preciso "repensar e melhorar" o processo de acolhimento para facilitar a integração. "Preocupa-nos muito que os refugiados, chegados ao fim da fase de acolhimento, muitas vezes estejam aquém do que seria desejável em termos de autonomização". Em causa estão problemas ligados a "documentação que não está concluída", fraco domínio da língua portuguesa, dificuldades em arranjar ou manter empregos e em encontrar habitação a preços acessíveis.
Quando terminam os apoios e as famílias não conseguem outra casa para morar, diz o coordenador da PAR, o amparo é feito, sem verbas adicionais, pelas instituições particulares. "Quem recua é o Estado e quem fica a suportar é a sociedade civil. Parece-nos um peso excessivo , um trocar de responsabilidades."
André Costa Jorge defende um "programa que inclua uma dimensão de acolhimento em escala, com concentração de recursos". O suporte das comunidades e instituições deve surgir numa "fase em que a pessoa esteja com maior autonomização. Isso permitirá que as instituições fiquem menos sobrecarregadas e com a responsabilidade correta, a de acompanhamento".
Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro, uma das instituições que integram a PAR, frisa que "os refugiados não são um problema, mas a consequência de um problema". Num "mundo cada vez mais internacional e com menos fronteiras", é preciso encontrar formas de "integrar" todos.