A primeira criança concebida após a morte do pai nasceu esta quarta-feira em Portugal. A notícia do nascimento do pequeno Hugo Guilherme foi partilhada pela mãe, Ângela Ferreira, nas redes sociais. Hugo Ferreira, o pai, criopreservou o sémen e, antes de morrer, manifestou a vontade que agora se concretiza.
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Hugo Guilherme nasceu no Centro Materno-Infantil do Norte, no Porto. O pai morreu em 2019, mas criopreservou o sémen e deixou escrito que queria que a mulher engravidasse dele, mesmo que ele morresse.
A divulgação do caso abriu um debate nacional sobre a inseminação após a morte e mais de 100 mil pessoas assinaram a petição que obrigou a Assembleia da República a discutir a lei da procriação medicamente assistida que, na altura, proibia a conceção de embriões com material genético de um progenitor falecido.
A mudança na legislação acabou aprovada em março de 2021, permitindo que Hugo Guilherme nascesse. “É um rapagão cheio de saúde”, anunciou, esta quarta-feira, a mãe, avisando que agora se vai isolar “nesta bolha de amor e aproveitar o máximo” que conseguir.
“Hoje o nosso mundo ficou mais iluminado, o Guilherme nasceu pelas 11.09 horas com 3,915 quilogramas e 50,5 centímetros”. Foi assim que Ângela Ferreira anunciou ao mundo o nascimento do primeiro bebé concebido através de inseminação pós-morte em Portugal.
Ângela foi mãe às 39 semanas e dois dias, através de cesariana. A gravidez tinha sido anunciada em dezembro do ano passado. Obteve sucesso à terceira tentativa, depois de dois tratamentos falhados.
Portugal foi um dos primeiros países a legalizar a inseminação com sémen de progenitores falecidos e é, dois anos depois da alteração legislativa, um dos poucos a permitir o procedimento em solo europeu.