A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) mantém greve para 8 e 9 de março. O processo negocial fica concluído em junho.
Corpo do artigo
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) tiveram esta quarta-feira mais uma reunião negocial no Ministério da Saúde, mas ambas as estruturas sindicais salientam a pouca celeridade do processo e acreditam que o Governo devia ser mais "proativo" para resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A FNAM mantém a greve para 8 e 9 de março, já o SIM diz que "fará de tudo para evitar uma paralisação".
"O Governo devia ser mais proativo, interventivo e proponente do que aquilo que tem sido", afirma Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM. A reunião, onde o Ministério da Saúde esteve representado pelo secretário de Estado Ricardo Mestre, foi dedicada ao regime remuneratório do trabalho suplementar dos médicos em serviços de urgência. De recordar que o Governo prorrogou o regime transitório, criado em julho do ano passado para estabilizar as equipas nas urgências, até ao fim do mês.
15700296
O secretário-geral do SIM defende que a tutela devia manter aquele regime remuneratório nas urgências pelo menos até ao fim de junho, altura em que estará terminado o processo negocial. "Na altura, quando foi implementado, gerou muita confusão. Pedimos ao Governo que não invente e prorrogue o regime", apontou.
Ainda sobre as urgências, a tutela mostrou "concordância" com algumas das propostas do SIM, como por exemplo, a possibilidade de haver médicos que se disponibilizem, durante um período de tempo, para trabalhar apenas naquele serviço. De acordo com Roque da Cunha, o Ministério assumiu também que não ia aumentar o número de utentes por médico de família.
Cenário no SNS é "aflitivo"
O dirigente voltou a descartar a possibilidade da realização de uma greve, à semelhança do que fará a FNAM a 8 e 9 de março. "Contraria o que assinamos com o Governo de que, até 30 de junho, tentaremos chegar a um acordo", disse.
Por outro lado, Joana Bordalo e Sá, presidente da comissão executiva da FNAM, defende que a reunião se focou num "ponto avulso" e nada "ficou fechado". "Já devíamos estar mais avançados", acrescenta. Para a dirigente, o atual cenário no SNS é "aflitivo" com "médicos a sair todos os dias".
15639030
A FNAM aponta que a paralisação de 8 e 9 de março é para "todos os médicos". "Esperamos contar com o apoio da população, porque não há SNS sem médicos", afirma Joana Bordalo e Sá.
Em comunicado, a tutela reforça a intenção de concluir as negociações até junho de 2023. O prazo alargado prende-se com "a abrangência e complexidade das temáticas a analisar", explica o Ministério da Saúde. A próxima reunião será a 15 de fevereiro e decorrerá de forma online.