Sindicatos médicos e ministério da Saúde voltaram a reunir-se esta quinta-feira para discutir a valorização da carreira, mas o encontro terminou "sem qualquer tipo de avanço". A FNAM diz que a proposta "aberrante" do Governo, que prevê um aumento salarial de 1,6%, "continua em cima da mesa". O SIM mantém as greves.
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"O Governo continua a falhar naquilo que é essencial: dar um sinal claro aos médicos portugueses que quer tratar dos seus salários e criar condições para que os médicos não saiam do SNS. Exige-se do ministério da Saúde que passe das palavras aos atos", afirmou Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), no final do encontro, sublinhando que após a reunião "não há razão" para pôr fim às greves em curso ou convocadas.
As negociações entre o ministério da Saúde e os sindicatos médicos começaram há mais de um ano. O protocolo negocial previa que ficassem concluídas até final de junho. Tal não aconteceu. E, esta quinta-feira, decorreu a quinta reunião extra-protocolo. Haverá uma nova reunião em setembro.
Afirmando que, do encontro, "não resultou nada de útil para os médicos e para o SNS, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) promete "aprofundar as formas de luta". Desde logo terá uma campanha nacional, avança em comunicado. O objetivo é "percorrer o país de Norte a Sul, mobilizando os médicos para manifestarem a sua indisponibilidade em realizar mais do que 150 horas extraordinárias por ano" e, assim, "não aceitarem continuar a trabalhar sob condições desumanas, impróprias para a sua saúde, para a saúde dos utentes e do SNS".
Joana Bordalo e Sá, presidente FNAM, reitera ainda a necessidade de nomear um mediador independente e externo para desbloquear o processo negocial. Neste encontro, a federação formalizou este pedido.
"Não temos qualquer tipo de avanço [nas negociações] e mantemos a nossa posição de que precisamos de um mediador independente externo capaz de desbloquear isto e fazer uma negociação séria e célebre. Tem de ser alguém que tenha mais competências do que o Governo tem demonstrado até agora, nomeadamente o ministério da Saúde e o Dr. Manuel Pizarro. Tem de ser altamente comprometido com o SNS e menos com as Finanças e com as limitações do Orçamento de Estado", frisou Joana Bordalo e Sá.
No encontro, a FNAM entregou formalmente as suas contrapropostas ao ministério da Saúde. Quer em relação ao regime de dedicação [plena], às grelhas salariais e à integração dos internos na carreira médica. No que toca aos salários, Joana Bordalo e Sá voltou a defender aumentos na ordem dos 30%.
"Nós fizemos as contas no sentido de juntar a perda do poder de compra que os médicos tiveram na última década mais a inflação e isso dá 30%. Entendemos que este é o valor digno e é repor algo que foi tirado. Para não continuarmos também na cauda da europa", explicou.