Sem acordo ou mais reuniões agendadas, o Governo deve aprovar a proposta de revisão da formação inicial de professores sem se saber em que escolas “milhares” de estudantes vão estagiar no próximo ano. Será criada uma rede de estabelecimentos que terão de assegurar professores para supervisionar estágios.
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Os agrupamentos, que aderem de forma “voluntária” ao regime de formação, terão de assegurar os professores cooperantes para acompanhar os estagiários. Essa rede, admitiu o secretário de Estado da Educação António Leite, vai ser “reavaliada anualmente” até porque a expectativa é que o número de candidatos aumente e se disperse por mais instituições no país.
A localização dos estágios é uma das maiores preocupações do líder da Fenprof, Mário Nogueira. Se esses horários forem criados no Norte, onde há mais instituições e vagas de mestrado em Ensino, podem impedir “milhares” de professores deslocados de se aproximarem de casa, receia Mário Nogueira. António Leite recorda que no próximo ano serão criadas 20 mil vagas de quadro de escola que vão assegurar a mobilidade desses docentes de carreira.
Os estagiários, assumiu o secretário de Estado, podem é ocupar horários que seriam preenchidos por docentes contratados, nomeadamente com habilitação própria (licenciados) como os “2500” que, este ano, já foram contratados diretamente pelas escolas.
Estimativa por fazer
O ministério enviou esta segunda-feira de manhã aos sindicatos nova versão da proposta com alterações “positivas” mas “insuficientes” para um acordo, defenderam os sindicatos.
Para o vice-secretário-geral da FNE, Manuel Teodósio, a “falta de condições” atribuídas aos professores cooperantes (redução máxima de seis horas letivas no acompanhamento de quatro estagiários) “não dá garantias” de que haverá supervisores suficientes no próximo ano.
A FNE defende “uma redução mínima de 12 horas letivas”. Interpelado sobre o número de cooperantes que serão necessários, António Leite respondeu aos jornalistas ainda não ter essa estimativa mas que, neste momento, há cooperantes nas escolas “sem qualquer redução”.
Estágios pagos
Os estudantes farão um estágio, no segundo ano de mestrado. Vão passar a ter turmas atribuídas, um horário que pode chegar às 12 horas letivas semanais e uma remuneração que rondará os 800 euros.
A nova versão repõe em 120 o número mínimo de créditos exigidos para entrada em mestrado. Em nota de rodapé, surge a indicação de que as instituições de ensino Superior podem baixar esse limiar para 90 créditos.