PCP exigiu "soluções abrangentes para problemas do país". O BE quer subida de salários e pensões. O PAN pede mais RSI, PEV com dúvidas sobre execução.
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As reuniões setoriais com vista à preparação do próximo Orçamento do Estado já começaram com pressões à Esquerda para que o Governo aceite as suas "linhas vermelhas" e evite, assim, uma crise política. O PCP reclama "soluções abrangentes para os problemas do país". O BE aumentos de pensões e salários, além de reforços na Saúde. Já o PAN quer mais RSI e o PEV pretende esclarecer a execução orçamental das suas propostas.
Dos quatro, PAN e PEV foram os únicos a revelar o calendário das reuniões, que arrancaram, anteontem, no caso do Pessoas-Animais-Natureza com os ministros da Administração Interna e da Agricultura. Hoje, o partido de Inês Sousa Real senta-se à mesa com a ministra da Cultura, tendo já prevista uma reunião com o primeiro-ministro, onde irá deixar claro que não abdica da renegociação dos contratos do Novo Banco, do aumento do rendimento social de inserção (RSI) e do fim das parcerias público-privadas no setor rodoviário.
Reforço de médicos
Acresce que a porta-voz do PAN defende que é preciso "ir mais além" na execução orçamental das medidas que foram acordadas. E faz depender disso as negociações do Orçamento do Estado para 2022. Uma posição que poderá ser similar à de Os Verdes, que hoje se reúnem com António Costa.
Antes de tomar uma posição sobre o próximo Orçamento do Estado, o PEV quer saber em que ponto se encontram algumas das medidas que acordou no documento em vigor.
Em causa, o reforço de 50 meios humanos na conservação da natureza e biodiversidade, a oferta aos pequenos proprietários de 50 mil árvores autóctones, além de apoios para o controlo de eucaliptos. Os Verdes pretendem saber também se, de facto, existem mais médicos e enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde e quando estará pronto o plano ferroviário nacional.
Creches gratuitas
A pressão maior está a surgir, porém, do BE, que votou contra o Orçamento do Estado em vigor, e do PCP, que viabilizou os últimos seis documentos. O secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, já avisou que uma crise política apenas "deixa de estar em cima da mesa" quando houver "soluções abrangentes para os problemas do país". E exigiu creches gratuitas para todos os escalões.
Já a coordenadora do BE, Catarina Martins, questionou: "Como vão ficar os salários, as pensões? Como é que o SNS vai retomar os cuidados não covid?".
Além dos partidos, também se vão sentar com o Governo as deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.
Calendário
Entregue até dia 11
A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022 tem que entrar no Parlamento até ao dia 11.
Generalidade
A discussão na generalidade decorre entre 22 e 27 de outubro, após a apresentação do documento pelos ministros das Finanças, João Leão, e do Trabalho, Ana Mendes Godinho. A votação ocorre no dia 27.
Especialidade
A especialidade arranca no dia 28 de outubro. Os partidos terão até 12 de novembro para entregar propostas de alteração.
Votação final
As votações na especialidade começarão a 19 de novembro. E a votação final global será a 25 de novembro em plenário.