As negociações das confederações de agricultores com o gabinete do primeiro-ministro foram realizadas à margem da ministra da Agricultura. Confrontado pelo JN, o presidente da Comissão de Agricultura, Pedro do Carmo, confirma que o diálogo "foi intermediado" por si. O gabinete da ministra desmente.
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Segundo Pedro do Carmo, "há muito que os representantes dos agricultores se recusam a reunir com Maria do Céu Antunes. Face à perspetiva do conflito se agudizar, à semelhança do que está a suceder em França e em vários outros países da Europa, o diálogo foi aberto através do Parlamento", afirmou ao JN, dizendo que o fez "com vista a um entendimento".
Ao JN, fonte oficial do gabinete da ministra "desmente categoricamente a participação do Parlamento e do deputado Pedro do Carmo nas negociações".
“As negociações foram tidas ao longo dos últimos dias, apenas entre a CAP e a ministra da Agricultura Maria do Céu Antunes. Nelas participaram ainda os ministros das Finanças e do Ambiente e o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes”, referiu fonte do Ministério da tutela.
Já o Presidente da CAP, Álvaro Mendonça, confirma ao JN que as negociações decorreram com o gabinete do primeiro-ministro, apenas tendo existido contactos com Maria do Céu Antunes “na fase final”.
Não é inédito
Uma fonte ligada ao processo disse ao JN que este afastamento da ministra das negociações não se tratará de uma situação inédita, pois "aquando do IVA zero, as negociações entre agricultores e Governo passaram pelo gabinete do primeiro-ministro", tendo a intervenção da titular da pasta "ocorrido apenas na fase de acertar os pormenores".
Em comunicado, Álvaro Mendonça, presidente da CAP, revelou que “o compromisso hoje assumido pelo primeiro-ministro, de pagar aos agricultores a totalidade das verbas devidas respeitantes às medidas agroambientais a que estes se candidataram no âmbito do Plano Estratégico da PAC, no valor global de 65 milhões de euros, dá razão às exigências da CAP e corrige o gravíssimo erro de gestão do Ministério da Agricultura, possibilitando que o setor agroflorestal invista nos modos de produção biológica e integrada”.