Há 20 empresas autorizadas a cultivar canábis e só um produto aprovado. "Tilray" dá sinal de que nem tudo está bem.
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Há quase cem empresas interessadas no negócio da canábis medicinal, as exportações da planta e produtos estão a aumentar, embora não tanto como o esperado, e continua a haver apenas um produto disponível para os doentes portugueses. Segundo dados do Infarmed, no segundo semestre do ano passado, havia cinco preparações e substâncias em avaliação.
Atualmente, há 20 empresas instaladas em Portugal com autorização de cultivo de canábis medicinal, as mesmas que em 2022, mais duas do que em 2021 e mais 11 do que em 2020. Mas o número de interessados no negócio é muito superior. Em junho de 2022, havia 90 entidades com aptidão documental, ou seja, cumpriam os requisitos administrativos e estavam aptas a passar à fase seguinte. Só depois de verificados os requisitos no terreno, é concedida a autorização final e dezenas ficam pelo caminho. Entre as que estão a trabalhar, o foco é a exportação. No primeiro semestre do ano passado, foram enviadas para fora de Portugal 4,3 toneladas de canábis (planta, preparações e substâncias). Em meio ano, as exportações representaram quase tanto como em todo o ano anterior. De janeiro a dezembro de 2021, as empresas exportaram 5,7 toneladas e não 30 toneladas como chegou a ser noticiado (o número correspondia à quantidade colhida estimada em 2021).
Mas no início do mês, a Tilray confirmou o despedimento de 49 trabalhadores, um sinal de que nem tudo corre bem. A empresa canadiana, instalada em Cantanhede, justificou a medida com a necessidade de redimensionar a estrutura face ao mercado atual.
Vendas crescem devagar
Faz na terça-feira dois anos que o regulador do medicamento autorizou o produto flor seca 18% THC da Tilray, a única preparação que está disponível nas farmácias. Desde então, as vendas têm crescido ligeiramente. No primeiro semestre de 2022, foram prescritas 363 embalagens,acima do semestre anterior (334) e mais do dobro das do primeiro semestre de 2021 (126).
Os dados do Infarmed indicam que, no primeiro semestre de 2022, havia quatro preparações e uma substância em avaliação pelo regulador, mas não há para já informação sobre qual será o próximo produto de canábis a ter luz verde do Infarmed nem quando.