Todos os dias foram vendidos, em média, cem motociclos em Portugal. Ano de 2023 começou com crescimento.
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O negócio das motas novas voltou a acelerar e ultrapassou, no ano passado, os números de 2021, que já tinham sido um recorde no atual milénio. Os dados das vendas da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) mostram que, em média, foram comercializadas cem motas por dia em 2022. O trânsito e o calor surgem como os principais impulsionadores deste mercado em Portugal.
No ano passado, o número de motas vendidas foi de 36 662, em média, cem veículos por dia, o que representa um aumento de 8% face às 33 919 alienadas em 2021 e uma subida de quase 50% em comparação com 2017. Nos últimos cinco anos, apenas em 2020 se registou uma quebra das vendas, o que se justifica com a pandemia que limitou a circulação rodoviária e obrigou ao fecho temporário de parte da economia, incluindo dos pontos de venda.
O aumento de 2022 ocorreu nas duas categorias de motociclos, mas é no segmento dos veículos com cilindrada até 125cc que se verificou a maior subida das vendas. Foram comercializados 20 432 motociclos até 125cc, o que significa um aumento de 13,4% face a 2021. O crescimento é mais ténue nas viaturas de duas rodas de alta cilindrada (acima de 125cc) e fixou-se nos 2%, com 16 230 motas novas comercializadas.
Se o ano de 2022 foi bom para o setor das duas rodas, o de 2023 está a ser ainda melhor. É que as vendas de janeiro e de fevereiro, registadas pela ACAP, já superam, ainda que ligeiramente, os valores do mesmo período do ano passado.
Procura nas cidades
Ao nível regional, a ACAP destaca que é nas cidades de média e de grande dimensão que as duas rodas geram maior interesse. "Os residentes nas áreas urbanas procuram, cada vez mais, meios alternativos para a deslocação e as duas rodas são uma alternativa ao trânsito existente nas cidades", assinala Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP.
Há, no entanto, outro fator a ter em conta para justificar o aumento das vendas. Trata-se do sol: quanto mais aparece, mais vendas de motas impulsiona, segundo o secretário-geral: "Embora também existam equipamentos para andar de mota com chuva, de facto, o nosso clima contribuiu muito e é um incentivo para o uso das duas rodas".
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o ano de 2022 foi o mais quente de Portugal continental desde 1932. E o ano passado foi, também, aquele em que se vendeu mais motas desde o início do milénio.
Honda com quota de 30%
Uma análise por marcas permite perceber que a Honda continua a liderar em Portugal, com uma quota de mercado de cerca de 30%. Este registo positivo deve-se muito à citadina PCX 125, que segue destacada no topo das vendas desde que foi lançada em 2010. Este modelo tem um preço mínimo de 3260 euros.
Os dados da ACAP indicam, ainda, que o mercado dos ciclomotores (veículos com cilindrada igual ou inferior a 50cc) está em queda há cinco anos, ainda que a de 2022 tenha sido de apenas 0,5%. Destaque, ainda, para a subida de 27% das vendas de quadriciclos, sobretudo impulsionadas pelo aumento de 28% das vendas de minicarros.
Aumentam os acidentes e as mortes
O aumento do número de motas a circular em Portugal nos últimos dois anos refletiu-se na sinistralidade. Entre janeiro e novembro do ano passado, houve 8978 acidentes com ciclomotores e motociclos, o que representa uma subida de 13,2% face aos mesmos 11 meses de 2021, segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), que apenas regista os sinistro em que houve mortos ou feridos. Não é de estranhar, por isso, que o número de vítimas de acidentes de mota também tenha aumentado: foram 9235, mais 13%. Houve mais feridos ligeiros, mais feridos graves e mais vítimas mortais. Neste caso, houve 114 pessoas que perderam a vida num acidente de mota entre janeiro e novembro de 2022, o que significa uma subida de 17,5% face ao período homólogo, diz a ANSR.
Top de vendas
A marca mais vendida nas duas categorias de motociclos foi a Honda. No caso dos 125cc, a líder de mercado é a Honda PCX125. Na cilindrada acima de 125cc, o modelo mais comercializado foi a BMW R1250GS, ainda que a Honda tenha sido a marca mais vendida.
Outras categorias
Apesar de liderar no mercado das motas, a Honda não lidera nas outras categorias de duas rodas. Nas scooters até 50cc, lidera a SYM. Os triciclos mais vendidos são da Piaggio, os quadriciclos e os minicarros são da Citroën e as moto-quatro são da Bombardier.