Desde o lançamento da app, país registou 232 mil infetados. Só 0,8% desses sinalizaram na aplicação, descarregada por mais de 2,64 milhões de pessoas.
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Apenas 1955 das 232 mil pessoas que ficaram infetadas com o coronavírus, desde que está operacional a aplicação Stayaway Covid, inseriram o código para sinalizar que estavam doentes. Segundo dados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), 2,6 milhões de pessoas já descarregaram a aplicação que o Governo chegou a querer que fosse obrigatória, prevendo multas de 500 euros para os infratores.
Feitas as contas, só 0,8% dos doentes avisaram a aplicação de que estavam infetados. Desconhecem-se as justificações. Poderão não ter recebido o código para inserir na aplicação ou, simplesmente, não quiseram colocá-lo. Os SPMS revelam, ainda, que foram realizadas 757 chamadas para a linha SNS24, na sequência de notificações pela Stayway Covid. A app alerta os utilizadores quando tiveram contactos de alto risco com doentes (ler ficha).
Dever ou obrigação?
"Entendam que é um dever cívico descarregar esta aplicação e sinalizarem se vierem a ser diagnosticados como testando positivo". Foi, assim, que o primeiro-ministro, António Costa, lançou a 1 de setembro a aplicação Stayaway Covid, numa cerimónia com a ministra da Saúde, Marta Temido, o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, e o administrador dos SPMS, Luís Goes Pinheiro.
Na cerimónia participaram, ainda, José Manuel Mendonça, presidente do INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência), que desenvolveu o projeto com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
Nesse dia, Portugal registava um total acumulado de 58 243 casos positivos. Sete dias após a disponibilização da aplicação, a Stayaway Covid já tinha sido descarregada por 660 mil pessoas. No dia 21 de setembro, atingiu-se o patamar de um milhão de downloads.
Mas o número de sinalizações estava muito aquém do esperado: tinham sido introduzidos 730 códigos.
Falou-se, então, das dificuldades dos médicos emitirem os códigos. Ainda assim, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros de 14 de outubro, a obrigatoriedade do uso da aplicação. E entregou uma proposta de lei no Parlamento, onde se previa que todas as forças de segurança fiscalizassem o uso da Stayaway Covid. A infração incorria numa coima até 500 euros.
A polémica foi acesa e, seis dias depois, António Costa retirou a proposta de lei numa altura em que a aplicação já era usada por 2,3 milhões de pessoas.
Atualmente, segundo os SPMS, 2 645 168 portugueses têm a Stayaway Covid instalada. Mas apenas 1955 introduziram o código, isto apesar de, desde o passado dia 1 de setembro, terem sido registados 232 463 casos positivos.
Emite alertas
Uma vez instalada, a aplicação StayAway Covid emite identificadores aleatórios utilizando Bluetooth e, como um radar, recolhe os identificadores que são emitidos por telemóveis próximos.
Contacto próximo
Estar perigosamente próximo significa que o contacto ocorreu a menos de 2 metros e durante mais de 15 minutos. Nesse caso, o utilizador recebe um alerta e deve contactar imediatamente a linha SNS24.