O serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) encerrou esta quinta-feira à tarde devido à deteção de uma bactéria multirressistente a antibióticos. Há 13 bebés positivos, todos clinicamente estáveis, confirmou, ao JN, fonte oficial. As grávidas de risco terão de ser desviadas.
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O internamento de Neonatologia no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, fechou esta quinta-feira devido a um surto de uma bactéria multiressistente, a "klebsiella pneumoniae", detetado há alguns dias. Dos 14 bébes internados no serviço, 13 estão colonizados com a bactéria. Um dos prematuros entretanto testou negativo, tendo tido alta hospitalar.
Fonte oficial do centro hospitalar avançou, ao JN, que os "bebés positivos estão clinicamente estáveis", garantindo que o grupo coordenador local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos do CHULN "está a acompanhar a situação de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde".
Ao JN, André Graça, diretor do serviço, adiantou que não é ainda conhecida a origem do surto, nem como a bactéria foi transmitida aos prematuros. O médico explicou que é habitual esta bactéria "surgir em vários hospitais em todo o Mundo", mas não naquela unidade hospitalar, sendo esta a primeira vez que é detetada no serviço de Neonatologia do Santa Maria. Por agora, "não há evidência de infeção, mas há colonização", referiu.
Assim que o serviço detetou o primeiro caso há uns dias - alegadamente um bebé transferido de outra unidade hospitalar -, procedeu à separação física, numa sala diferente, dos prematuros positivos, procurando evitar que os bebés não colonizados estivessem expostos à bactéria que, em contexto hospitalar, pode ser resistente aos antibióticos. Mas a medida "não foi suficiente porque nas salas destinadas às novas admissões apareceu a bactéria", o que motivou o encerramento da Neonatologia "de forma a evitar o contacto de bebés colonizados com bebés não colonizados", explicou o médico.
Foi através da testagem a cada dois a três dias que o serviço teve conhecimento de casos adicionais, apontou, acabando por ditar a decisão de encerramento tomada esta tarde.
O serviço está encerrado para novas admissões e os bebés internados vão continuar isolados. "Neste momento a forma adequada para travar o surto será a não admissão de novos doentes", sublinhou o médico. Em situação estável, só se demonstrarem sintomas sugestivos de infeção é que os prematuros terão de iniciar tratamento por antibiótico. Não obstante, sendo esta uma unidade de cuidados intensivos neonatais, o risco da bactéria provocar doença é o que "causa mais preocupação". Quanto ao bebé que está negativo, continuará a ser testado a cada dois a três dias.
Questionado sobre a transferência de grávidas em situação de risco de terem bebés prematuros, André Graça afirma que o "sistema sempre funcionou desta maneira". "Mesmo que alguns dos bebés tenham alta, vamos continuar sem conseguir admitir novos. O que acontece habitualmente é que garantimos que as grávidas e os bebés possam ser transferidos para hospitais com vagas disponiveis na rede", explica. As pacientes, cujos bebés podem vir a precisar de uma incubadora, podem ser enviadas para outras unidades hospitalares, nomeadamente para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.