A vida de Nuno Lopes, taxista com 38 anos, já teve dias mais tranquilos. Desde "há cinco ou seis anos" que, salienta, circular pelas estradas de Braga se tornou "mais difícil" e, hoje em dia, há mesmo locais na cidade onde recusa aceitar serviços. É o caso da zona de Infias, onde se concentram escolas públicas e colégios.
Corpo do artigo
"Uma vez estava na Rua dos Chãos e, como não sabia que os colégios iniciavam as aulas mais cedo, aceitei um serviço para a Rua de Santa Margarida. Para fazer cerca de dois quilómetros demorei 35 minutos, porque chegamos à zona da Doçaria de S. Vicente [junto à rotunda de Infias] e o trânsito estava caótico", recorda Nuno Lopes, sublinhando que, como ele, "talvez 95% dos motoristas de táxi" recusam andar naquelas artérias, que também dão acesso à variante para Vila Verde. "Ninguém vai ao nó de Infias fazer serviços", reforça.
Noutros pontos da cidade, as filas também já começam a dar dores de cabeça a quem, diariamente, depende do carro para trabalhar. "A rotunda do Braga Parque é complicada. Desde que colocaram uma linha contínua em frente ao shopping ainda piorou. Deve ter sido ideia de um engenheiro de gabinete", critica o taxista, confidenciando que, por vezes, os clientes chegam a sair "perto do viaduto", para evitar esperar na fila de trânsito e poupar na tarifa.
"Da estação de comboios ao Braga Parque, em vez de cinco euros, pode chegar aos sete ou oito. Mas a gente está a trabalhar e o carro a consumir combustível", lamenta, assumindo que os clientes acabam por sair "prejudicados" com as dificuldades de mobilidade.
A população aumentou bastante e a cidade está igual, não está a conseguir acompanhar essa evolução
Para o motorista, Braga não está preparada para receber mais pessoas, ao contrário "da promoção" que é feita pela Câmara. "A população aumentou bastante e a cidade está igual, não está a conseguir acompanhar essa evolução", defende, assumindo que, aos visitantes que vão passando pelo seu táxi, já não consegue deixar uma imagem positiva sobre a qualidade de vida na capital de distrito.
"Há duas semanas apanhei um casal de Lisboa que sempre ouviu dizer que Braga era uma boa cidade para viver. Eu disse-lhes que já foi. Agora, está completamente obsoleta, sufocada de trânsito", observa.
Não há muitas alternativas, mas há algumas ainda
Quando se fala das obras que estão para acontecer no túnel da Avenida da Liberdade e no nó de Infias, então aí, Nuno Lopes, põe as mãos na cabeça. "Vai haver, ainda, mais trânsito para a variante e a Rua do Caires", entende o taxista, sublinhando que, na sua opinião, há "algumas soluções" que poderão combater os problemas.
"Há um terreno ao abandono em frente ao quartel que podia dar uma saída direta para a variante de Vila Verde. Há junto ao estádio 1.o de Maio descampados que podiam dar acessos para Guimarães. Não há muitas alternativas, mas há algumas ainda", conclui.