O PS venceu com vantagem de 39 mil votos sobre a AD. Ventura foi o grande derrotado da noite. IL é o único partido com mais votos que nas legislativas.
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O PS venceu as eleições (32,1%), mas a vantagem sobre a AD (31,1%) foi de apenas 39 mil votos. O Chega continua a ser o terceiro maior partido (9,8%), mas sofre um desgaste acentuado face às legislativas. Quem mais cresceu foi a Iniciativa Liberal (9,1%). À Esquerda, BE (4,2%) e CDU (4,1%) conseguem um deputado. Livre e PAN ficam de fora do próximo Parlamento Europeu.
Se estas europeias chegaram a ser encaradas como uma espécie de tira-teimas entre AD e PS, não será o resultado final a provocar sobressaltos nos equilíberios internos: o PS elege oito deputados (menos um do que em 2019) e a AD sete (os mesmo que já tinha). E ambos conseguiram, em termos percentuais, um resultado melhor do que o registado nas legislativas de março.
Acresce que, à Direita, e como fez questão de destacar Luís Montenegro, foram destas vez eleitos quatro deputados, de dois partidos que ainda não tinham expressão em 2019: dois do Chega e dois da Iniciativa Liberal.
O partido de André Ventura manteve o terceiro lugar, mas foi o grande derrotado da noite. Foi o que mais perdeu na comparação entre legislativas e europeias: dos 18,1% de março, para os 9,8% deste domingo.
Uma fragilidade em contraciclo com o resultado de vários partidos da direita radical populista na União Europeia, que reforçaram o seu peso nestas eleições. Com destaque para a União Nacional, de Marine le Pen, em França, que, ao obter o dobro dos votos dos liberais de Macron, forçou o presidente francês a marcar eleições nacionais já para daqui a três semanas.
Ao contrário, a Iniciativa Liberal foi o partido que mais cresceu, quase duplicando a percentagem das legislativas: de 4,9% para 9,1%. Mais ainda, os liberais foram os únicos que conseguiram mais votos nestas europeias do que nas legislativas: de 319 mil para 357 mil, numa eleição em que houve menos 3,5 milhões de pessoas a votar. Um resultado a que não será alheia a popularidade do cabeça de lista, Cotrim de Figueiredo.
Feitas as contas, os três principais partidos da Direita somaram cerca de 50% dos votos, enquanto os quatro partidos mais relevantes à Esquerda conseguiram 44%. Ou, como Pedro Nuno Santos fez questão de salientar, se o Chega for retirado da equação, a Esquerda vale mais do que a Direita.
Os dois antigos parceiros do PS na “geringonça” voltam a perder fôlego, se a comparação foi feita com as últimas europeias: BE e CDU passaram de dois para um deputado no Parlamento Europeu. Relativamente às legislativas, o BE ficou ligeiramente pior (de 4,4% para 4,3%), enquanto a CDU melhora quase um ponto percentual (3,2% para 4,1%).
O Livre também melhorou (de 3,2% para 3,8%), mas não foi ainda o suficiente para conseguir eleger um deputado. Também o PAN (1,2%) fica de fora, ao contrário do que aconteceu há cinco anos.
Pela Europa
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