"Comedy Night" reuniu nove humoristas durante dois dias, um no Porto e outro em Lisboa. O JN esteve nos bastidores do espetáculo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
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Fernando Rocha, Marco Horácio, a dupla Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, Vítor Emanuel, Paulo Matos, João Seabra, Jaimão e Pedro Neves subiram ao palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para um espetáculo de stand up comedy. O objetivo? Homenagear o humorista e ator Vítor Emanuel. O adágio "rir é o melhor remédio" pareceu confirmar-se, a avaliar pelas gargalhadas das centenas de pessoas que compuseram a plateia.
"A ideia para estas duas noites nasceu de uma conversa com a Júlia Pinheiro, em junho, na qual me disse que ele comemorava 25 anos de carreira. Pensei logo que seria engraçado fazermos uma festa", explicou o humorista e produtor do espetáculo, Fernando Rocha, que tratou posteriormente de convidar alguns dos amigos mais próximos de Vítor Emanuel. Depois de tudo organizado, avisou o amigo, aproveitando ainda para lhe lançar um desafio. "Foi-me feito o convite de, pela primeira vez, fazer 'stand up'. Tenho experiência em vários registos de comédia mas nunca tinha feito este. Foi um enorme desafio. Segundo o que dizem os meus amigos, correu bem. Fiquei com o bichinho, talvez não tenham sido as únicas vezes que o público me viu neste registo", afirmou o anfitrião e a voz do burro Sebastião de "A Quinta", depois de concluído o espetáculo no Coliseu dos Recreios, na passada quinta-feira.
Boa disposição, muitas gargalhadas, brincadeiras e conversas animadas foram uma constante nos corredores e nos momentos que antecederam a "Comedy Night", em Lisboa. "Sem dúvida que isto não é trabalho, estar aqui com estes amigos, que muitos deles conheço há 15 anos, é mais lazer", explicou o apresentador da SIC, João Paulo Rodrigues, parte da dupla Quim Roscas e Zeca Estacionâncio.
Nove humoristas na mesma noite, no mesmo palco, fizeram recordar "Levanta-te e Ri", o antigo programa da SIC de "stand up comedy". "Estar neste ambiente entre amigos é muito bom, é saudável e faz lembrar bons tempos. As amizades perduraram no tempo e, quando estamos juntos, é uma grande alegria", destacou Marco Horácio, o apresentador do formato que preencheu as noites de segunda-feira, durante três anos e que terminou em 2006. "Acho que nesta altura era fundamental existir um 'Levanta-te e Ri' porque foi um programa que deu a conhecer muitos humoristas. Num país em crise o humor é o único escape que as pessoas ainda têm e acho que há uma nova geração de humoristas que deviam ter a oportunidade de sentir um palco", acrescentou o apresentador. Opinião partilhada por Fernando Rocha quando questionado sobre um possível regresso. "Claro que gostava que voltasse um programa como o 'Levanta-te e Ri'. As pessoas pedem um regresso. Atualmente o único programa de comédia que existe para nos rirmos à séria são os 'reality shows'", sublinhou.
Mas afinal em que estado se encontra, em 2015, o humor em Portugal? "O humor em Portugal está em banho-maria. Houve um "'boom' muito forte de 'stand up' e da comédia e, neste momento, andamos muito naquela piada do bate e foge, o humor inteligente. Aquele tipo que não dá para uma grande gargalhada mas para um sorriso ligeiro", afirmou Fernando Rocha. Mesmo sem uma presença regular em televisão, os protagonistas do antigo programa da SIC continuam a viver da comédia, fazendo dos espetáculos a sua fonte de rendimentos. "O humor é o único remédio para os tempos em que vivemos. As pessoas querem rir-se e desanuviar, é quase como um pedido de ajuda, 'façam-nos rir'", explicou Marco Horácio. Fernando Rocha pega na ideia do companheiro e acrescenta: "Durante duas horas e meia, as pessoas abstraem-se dos problemas. No fim do espetáculo, o problema continua lá mas a forma de o encarar é completamente diferente, é de uma forma positiva".
E assim foi. No final das quase três horas de espetáculo, os sorrisos estavam estampados na cara das pessoas e os comediantes saíram de coração cheio do Coliseu, não só pelo sucesso mas também por terem contado com uma presença muito especial nos bastidores. O amigo Miguel Sete Estacas, também ele humorista, esteve atrás do palco a conviver com os companheiros. Recorde-se que sofreu um acidente com um carrinho de rolamentos em agosto, tendo sido submetido a várias intervenções cirúrgicas.