A população empregada no Norte aumentou 1,3% no 3.º trimestre de 2024, face ao período homólogo do ano transato, resultando na criação líquida de 22700 novos postos de trabalho. O total de pessoas empregadas na região atingiu 1,78 milhões, o maior valor desde 2011.
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Os resultados estão patentes no relatório trimestral “Norte Conjuntura”, lançado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), divulgado esta terça-feira, e que apresenta as tendências da evolução económica na região.
De acordo com o relatório, foi o setor dos serviços que impulsionou o crescimento do emprego do Norte no 3º trimestre de 2024, com um aumento homólogo de 3,1% na população empregada, o equivalente a 35500 novos postos de trabalho. Em contrapartida, os setores primário e secundário registaram perdas.
No setor primário (agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca), a população empregada diminuiu 7,8%, em termos homólogos, agravando a trajetória decrescente iniciada no trimestre precedente. Em comparação com o mesmo período do ano passado, foram destruídos 3900 postos de trabalho, em termos líquidos.
No mesmo sentido, no setor secundário (indústria, construção, energia e água), a população empregada observou uma diminuição homóloga de 1,6%, resultando na perda líquida de 9000 postos de trabalho.
Nas indústrias transformadoras, registou-se uma redução de 3,7%, o que correspondeu a uma perda líquida de 15700 postos de trabalho. acentuando a tendência de queda que persiste há seis trimestres consecutivos. No setor da construção, a população empregada diminuiu 3,1%, equivalente a aproximadamente 4100 pessoas.
Pelo contrário, a população empregada no setor dos serviços aumentou 3,1% em relação ao 3º trimestre de 2023, resultando na criação líquida de 35500 postos de trabalho. Entre os diferentes ramos do setor terciário, verificaram-se, contudo, trajetórias de evolução distintas. Os aumentos absolutos mais acentuados, em termos homólogos, ocorreram no ramo da educação (24500 pessoas) - o maior crescimento entre os diferentes ramos de atividade do Norte, e nas atividades de informação e comunicação (10400 pessoas).
Por sua vez, as maiores reduções foram observadas no comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos (9900 pessoas) e no alojamento, restauração e similares (5300 pessoas).
Nas diferentes categorias profissionais, o decréscimo homólogo do trimestre mais acentuado foi observado nos operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem (-6,7%), o que correspondeu a uma perda líquida de 1200 postos de trabalho. Destacam-se ainda as reduções entre os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices (-6,1%) e os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores (-4,3%), que se traduziram em perdas de 17500 e 14200 respetivamente.
O maior crescimento homólogo foi observado na categoria dos especialistas em atividades intelectuais e científicas (16%), com um acréscimo de 56300 pessoas.
Desemprego
A taxa de desemprego do Norte diminuiu de 6,3% para 6,2% entre o 2.º e o 3.º trimestre de 2024, aproximando-se do valor nacional, que é de 6,1%.
A dinâmica positiva do mercado de trabalho no Norte refletiu-se no aumento das taxas de emprego na maioria dos grupos etários. Na faixa dos 20 aos 64 anos, o indicador atingiu 77,4%, o maior valor desde, pelo menos, 2011.
Contudo, “à medida que a taxa de emprego atinge níveis elevados como o atual, há a possibilidade de a economia do Norte convergir para um estado de pleno emprego”. Nesse cenário, refere o relatório, “a escassez de mão-de-obra pode começar a gerar novas pressões inflacionistas nos próximos trimestres, num contexto de crescimento da procura interna induzida pela aceleração na execução dos programas comunitários (Portugal 2030 e PRR)”.
O previsto excesso de procura face à oferta poderá aumentar os custos laborais e, consequentemente, os preços dos bens e serviços.
No 3º trimestre de 2024, a população empregada masculina cresceu 1,1% em termos homólogos, enquanto o aumento na população feminina foi mais acentuado (1,5%).
Por nível de escolaridade, observou-se apenas uma diminuição na população empregada com escolaridade até o 3º ciclo do ensino básico (-6,7%) no 3º trimestre de 2024. Em contraste, a população com ensino secundário e pós-secundário cresceu 0,1%. Já os indivíduos com ensino superior registaram um aumento de 13,3%.
No Norte, a taxa de desemprego feminina diminuiu de 7,2% para 6,8% entre o 2º e o 3º trimestre, enquanto a masculina registou um ligeiro aumento de 5,5% para 5,6% no mesmo período.
As taxas de desemprego por escalões etários revelaram trajetórias divergentes. O valor caiu de 18,7% para 16,6% nos jovens (16 aos 24 anos) e de 4,8% para 3,8% no grupo dos 35 aos 44 anos. As demais faixas etárias registaram aumentos ligeiros na taxa de desemprego.
Relativamente à duração do desemprego, observou-se um aumento de pessoas em situação de desemprego de longa duração (12 ou mais meses), que representaram 45,7% do total no 3º trimestre de 2024.
Desemprego sobe mais em Trás-os-Montes
No 3º trimestre de 2024, o número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego do Norte registou um aumento de 5,2%, em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 123762 pessoas.
Apenas a sub-região do Douro observou uma redução de 0,4%. Pelo contrário, as restantes sub-regiões observaram crescimentos, com as maiores variações homólogas a ocorrerem em Terras de Trás-os-Montes (14,7%), no Cávado (9,2%) e no Alto Minho (7,8%).
Contudo, na comparação com o trimestre antecedente, o número de desempregados apresentou uma evolução desigual entre as diferentes sub-regiões, no 3º trimestre de 2024. O desemprego registado aumentou em Terras de Trás-os-Montes (4,3%), no Tâmega e Sousa (3,1%), na Área Metropolitana do Porto (2,9%) e no Cávado (2,3%), em relação ao 2º trimestre de 2024.
Pelo contrário, o número de desempregados diminuiu no Ave (-1,8%), no Alto Tâmega e Barroso (-0,7%), no Douro (-0,5%) e no Alto Minho (-0,4%), no mesmo período.
Por município, as reduções mais significativas do desemprego registado, comparativamente com o terceiro trimestre do ano passado, foram observadas em Boticas (-22,7%), Mesão Frio (-17,4%), Amarante (-16,1%), Santa Marta de Penaguião (-14,7%) e Vila Nova de Foz Côa (-14,3%).
Em sentido oposto, os aumentos mais acentuados foram em Vila Flor (40,7%), Arcos de Valdevez (30,9%), Sernancelhe (29,9%), Lousada (29,0%) e Bragança (26,6%).
Trabalhadores imobiliários em alta
Os salários líquidos mensais dos trabalhadores por conta de outrem no Norte registaram um aumento real de 8,2% em relação ao 3.º trimestre de 2023, superior à média nacional, que foi de 7,7%.
O salário mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem do Norte registou um aumento nominal de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando o valor médio de 1094 euros. Em termos reais, considerando a variação do índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta mensal aumentou 8,2%.
Em Portugal, o salário mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem continuou a situar-se num nível superior ao da média do Norte, alcançando 1151 euros no 3º trimestre de 2024.
Com a maior variação homóloga positiva, destaca-se o salário mensal líquido dos trabalhadores das atividades imobiliárias, que cresceu 29,5%, em relação ao 3º trimestre de 2023. Seguidamente, os aumentos mais acentuados foram registados nos outros serviços (+16,3%), nas atividades de informação e de comunicação (+13,9%) e na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (+13,3%).
Mais 15 mil com patrão
Numa análise por regime de contrato de trabalho, verificou-se um aumento tanto na população empregada por conta de outrem, como nos trabalhadores por conta própria.
No 3º trimestre de 2024, o número de trabalhadores por conta de outrem no Norte cresceu 1% em termos homólogos, com um
acréscimo de 14900 pessoas. Já os trabalhadores por
conta própria registaram um aumento de 3%, correspondendo a mais 7900 pessoas.
A evolução positiva do emprego por conta de outrem foi impulsionada, principalmente, pelo aumento no número de trabalhadores com contratos sem termo, que registaram um crescimento homólogo de 2,6% no 3º trimestre de 2024, o que corresponde a mais 31900 pessoas.
Em contrapartida, os contratos a termo apresentaram uma redução significativa de 10,6%, com menos 21400 pessoas em relação ao mesmo período do ano anterior. Já os trabalhadores enquadrados noutros tipos de vínculo, como recibos verdes, registaram uma subida de 12,7%, representando mais 4300 pessoas.
Exportações
As notícias de recuperação da economia do Norte ganham, também, sustentação pelo crescimento das exportações de bens, que cresceram 1,9 % em termos homólogos, invertendo a tendência de queda dos quatro trimestres anteriores. Em Portugal, o aumento foi de 9,4%.
A evolução das exportações de bens nas diferentes sub-regiões do Norte observou dinâmicas distintas no 3º trimestre de 2024. Pela positiva, destacam-se as sub-regiões do Cávado (6,4%) e do Alto Minho (5,3%) com os aumentos homólogos mais acentuados.
A Área Metropolitana do Porto e o Tâmega e Sousa inverteram a tendência negativa registada durante cinco trimestres consecutivos, ao apresentarem variações homólogas positivas de 3,5% e 0,5%.
As restantes sub-regiões registaram uma evolução desfavorável, destacando-se Terras de Trás-os-Montes (-15,2%) e Alto Tâmega e Barroso (-13,8%) com os decréscimos homólogos mais expressivos.
Entre os 20 principais concelhos exportadores do Norte, 12 observaram um crescimento nas exportações de bens no 3º trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os maiores aumentos ocorreram em Braga (+17,2%), Porto (+16,9%) e Viana do Castelo (+15,1%).
Turismo com 2,4 milhões de hóspedes
No que diz respeito ao setor do Turismo, as dormidas nos estabelecimentos turísticos do Norte aumentaram 5,7% no 3.º trimestre de 2024 face ao período homólogo de 2023, enquanto em Portugal o crescimento foi de 3%.
Os estabelecimentos de alojamento turístico da Região registaram 2,4 milhões de hóspedes. O crescimento das dormidas foi impulsionado pela
evolução positiva do mercado interno e do mercado externo.
As receitas dos estabelecimentos de alojamento turístico do Norte alcançaram 379,4 milhões de euros, com um aumento homólogo de 10,7%.
O rendimento médio por quarto disponível fixou-se em 78,3 euros no 3º trimestre de 2024, um valor superior em 3,8 euros ao do trimestre homólogo do ano passado. Em relação à taxa líquida de ocupação-cama nos estabelecimentos de alojamento turístico do Norte, este indicador manteve-se inalterado face ao mesmo período do ano passado, ao situar-se em 56,8%, no 3º trimestre de 2024.
Indústria
Segundo o relatório, os principais indicadores nacionais das indústrias transformadoras com forte implementação no Norte apresentaram trajetórias distintas no 3º trimestre de 2024. A produção registou uma variação homóloga positiva na indústria do vestuário (+3,9%) e na
fabricação de veículos automóveis e componentes (+2,3%), enquanto na fabricação de têxteis (-2,7%) e na indústria do couro e calçado (-2,3%) apresentou uma redução, em comparação com o mesmo período do
ano passado.
Por sua vez, o volume de negócios total apenas aumentou na fabricação de veículos automóveis e componentes (+1,5%), invertendo a trajetória negativa observada ao longo dos últimos trimestres. Já as maiores
reduções homólogas observaram-se nas indústrias do vestuário (-9,9%) e do couro e calçado (-6,2%).
Metro quadrado a 1429 euros
No 3º trimestre de 2024, o licenciamento de edifícios acelerou a trajetória de crescimento iniciada no trimestre precedente. No Norte, o número de edifícios licenciados cresceu 25,8%, em comparação com o mesmo período do ano passado, um valor que compara com um acréscimo menos acentuado de 16% em Portugal. No Norte, foram licenciados 2241 edifícios e em Portugal o número total de edifícios licenciados correspondeu a 6374.
No Norte, o valor mediano de avaliação bancária realizada no âmbito de pedidos de crédito para aquisição de habitação foi de 1429 euros por metro quadrado, um aumento de 134 euros em relação ao mesmo período do ano anterior.
A nível nacional, o valor mediano de avaliação bancária na habitação foi de 1664 euros por metro quadrado, refletindo um acréscimo de 126 euros face ao 3º trimestre de 2023.
Inflação
O crescimento dos preços no consumidor observou uma trajetória de desaceleração, em comparação com o trimestre anterior. No 3º trimestre de 2024, no Norte, a taxa de inflação situou-se em 2,5% (-0,6 p.p. face ao trimestre anterior). Por sua vez, a nível nacional observou-se uma taxa de inflação de 2,2% no mesmo período (-0,5 p.p. em relação ao trimestre
precedente).
Para a desaceleração da taxa de inflação, contribuiu a evolução dos preços dos produtos energéticos. Pelo contrário, os preços dos produtos alimentares não transformados.
Educação foi a área que com mais emprego registado no Norte no terceiro trimestre de 2024